O Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM) e a Secretaria de Saúde do município apresentaram nesta quinta-feira (17) o relatório da segunda onda da pesquisa de amostragem da Covid-19. Nesta nova etapa do trabalho participaram 381 moradores da cidade. A pesquisa mostrou que a maior incidencia do vírus circulando, está muito na região de Inoã e em Itaipuaçu.
Segundo o virologista Amílcar Tanuri, médico, professor titular de genética e diretor do Laboratório de Biologia Molecular da UFRJ, e um dos organizadores da pesquisa, explicou que nesse segundo ciclo, 381 pessoas participaram do levantamento, enquanto no primeiro foram 371.
“O nosso estudo mostrou essa segunda onda de incidência do novo coronavírus, que acontece do mês de outubro em diante. O primeiro estudo deu uma incidência de 0.5% e no segundo estudo ela pulou para 4.5%, ou seja, um aumento de quase 10 vezes. Essa incidência mostrou onde o vírus está circulando, está muito mais na região de Inoã, mostrando que a circulação ali e em Itaipuaçu é muito intensa nesse momento”, ressaltou Tanuri.
O virologista destacou que a maioria dos parâmetros continua sem alterações. “Nós tivemos 8% dos indivíduos no primeiro estudo com anticorpos e no segundo ainda 8%, mas nossa previsão é que isso aumente no terceiro ciclo, porque todo mundo que se contaminou no segundo criará anticorpos no terceiro. Iremos acompanhar isso, pois iremos continuar os estudos”, afirmou.
A pesquisa foi realizada por agentes da Estratégia de Saúde da Família (ESF), que percorreram residências escolhidas de forma aleatória, para coletar amostras e realizar o exame RT-PCR (Swab) e sorologia para a doença. Segundo Tanuri, a contaminação vem se expandindo de Inoã em direção ao Centro de Maricá, e os infectados no segundo ciclo apresentaram mais sintomas, em comparação com o primeiro.
“Febre, tosse e coriza foram sintomas marcantes do segundo ciclo. No primeiro, os pacientes tinham dor de garganta, febre, porém com menos intensidade. Nesse segundo ciclo, observamos, também, que o vírus contaminou mais pessoas de menor escolaridade”, comentou.
Michelle Ferreira, coordenadora da Vigilância em Saúde de Maricá, ressaltou que a rede de Atenção Básica faz a busca do usuário positivo e dos seus contactantes – pessoas que tiveram contato com os infeccionados – para seguir a ideia real da Secretaria de Saúde, que é frear o vírus.
“O resultado desses testes vai servir para mapearmos como o vírus está se comportando hoje na cidade. Depois de novembro, tivemos um aumento de casos, depois de um patamar de certa tranquilidade, em estabilidade, mas hoje — assim como em todo o estado do Rio de Janeiro — nós notamos um aumento, o que está refletido na segunda onda da pesquisa do ICTIM junto ao professor Tanuri”, afirmou Michelle.
Carlos Senna, chefe de gabinete da presidência do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM), ressaltou que no início de 2021 serão feitas duas novas etapas da pesquisa no município para acompanhar a evolução da incidência do novo coronavírus.
“Trabalharemos por mais alguns meses nesse estudo, a ideia é realizá-lo mensalmente, fazendo com que a Secretaria de Saúde tenha condições de fazer esse mapeamento e tomar as medidas necessárias para conter o avanço do vírus dentro da cidade”, finalizou.