A integração entre a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) e o Complexo Petroquímico de Itaboraí (Boaventura) movimentará R$ 26 bilhões em investimentos, com a previsão de geração de 30 mil empregos diretos e indiretos. A iniciativa marca uma nova etapa estratégica da Petrobras no estado do Rio de Janeiro.
Na Reduc, o plano prevê, a ampliação de 76 mil barris/dia na produção de Diesel S10, com baixo teor de enxofre; Aumento de 20 mil bpd de querosene de aviação; 12 mil bpd a mais na produção de lubrificantes, agora com uso de petróleo do pré-sal, reduzindo a dependência de insumos importados.
Outro destaque é a produção de combustível sustentável de aviação (SAF) e o rerefino de lubrificantes usados, ampliando a sustentabilidade do parque industrial.
A Reduc também passará por uma parada de manutenção programada até 2029, com investimento de R$ 2,4 bilhões (classificado como opex, voltado para operação). Dezoito mil profissionais devem ser contratados somente este ano para essa fase.
Paralelamente, a refinaria iniciará testes de coprocessamento de diesel com conteúdo renovável, como o diesel R7 (com 7% de conteúdo verde), que já pode ser comercializado, segundo o diretor de Processos Industriais da Petrobras, William França. Em julho, a empresa iniciará testes com o diesel R10, com 10% de conteúdo renovável.
A integração marca um avanço importante para a indústria nacional de refino e biocombustíveis, com foco na transição energética e na valorização do petróleo nacional.
No Complexo Boaventura, em Itaboraí, estão sendo feitos estudos para viabilizar a produção de ácido acético e monoetileno glicol (MEG), substâncias essenciais para a fabricação de tintas, embalagens e plásticos PET. Atualmente, o Brasil importa 100% do ácido acético utilizado no mercado interno — cenário que o novo projeto pretende mudar.
Já a Braskem, por sua vez, prevê um investimento de R$ 4,3 bilhões em sua unidade de Duque de Caxias, com o objetivo de aumentar a produção de polietileno em 230 mil toneladas por ano. Esse avanço na capacidade produtiva deverá gerar cerca de 7.500 empregos diretos e indiretos.
Embora a Petrobras detenha 47% das ações com poder de voto na Braskem, a companhia, controlada pela Novonor (ex-Odebrecht), será a responsável por custear o projeto — com recursos próprios ou por meio de financiamento. Parte do investimento ainda precisa passar pelo crivo da governança interna da empresa.
Segundo o CEO da Braskem, Roberto Ramos, a expectativa é que o projeto esteja concluído até o primeiro semestre de 2028. Ele ressaltou ainda que a integração com a infraestrutura da Petrobras permitirá reduzir a importação de matéria-prima dos EUA, substituindo parte desse insumo pelo gás natural nacional.
Esses movimentos fazem parte de uma estratégia mais ampla de fortalecimento do parque petroquímico fluminense e redução da dependência externa em setores estratégicos para a economia brasileira.