spot_imgspot_img

Leia a nossa última edição #85

spot_img
spot_imgspot_img
spot_imgspot_img

UFF cancela matrícula de estudante de Medicina após reprovação em banca racial

Mais lidas

A estudante Samille Ornelas teve sua matrícula cancelada no curso de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, após ser novamente reprovada pela banca de heteroidentificação racial da instituição. A aluna havia ingressado na universidade por meio do sistema de cotas para pessoas pardas, mas teve sua autodeclaração contestada.

Samille foi aprovada no vestibular em janeiro de 2024, após apresentar documentação que, segundo ela, comprovaria sua autodeclaração racial. No entanto, a banca avaliadora da UFF não reconheceu características fenotípicas compatíveis com a declaração e negou sua matrícula.

A estudante então recorreu à Justiça, que determinou a matrícula provisória em até 30 dias — decisão que foi cumprida pela universidade. Samille cursou o primeiro semestre, mas afirma que teve acesso bloqueado ao restaurante universitário recentemente. Ao verificar o sistema acadêmico, percebeu que seus dados haviam sido apagados e sua matrícula cancelada.

De acordo com a estudante, a Justiça entendeu que os vídeos e fotos enviados para comprovar sua autodeclaração não seriam provas suficientes. Samille também relata que chegou a enviar um laudo antropológico, com medidas do crânio e do nariz, conforme solicitado pelo juiz responsável pelo caso.

A jovem informou que sua defesa entrou com recurso contra a decisão que derrubou a liminar.

Abaixo fotos da estudante na infância e adolescência.

Ao relatar o impacto emocional da situação, Samille desabafa:

“Eu vejo o meu rosto estampado em todas as matérias e nem nos meus sonhos mais malucos eu imaginava. Eu, na mídia, notada por uma coisa que a vida inteira foi óbvia — tão óbvia que as formas em que eu sofri racismo e exclusão eram justamente pela obviedade da minha cor. Eu me sinto invisível, negligenciada pela instituição e pela Justiça. […] Tem milhares de pessoas me reconhecendo, e seis pessoas em uma banca não me reconhecem. Por quê? O que faltou em mim que todo o resto vê?”, questiona.

Segundo a estudante, fotos, vídeos e até um laudo antropológico foram apresentados à Justiça como forma de comprovar sua identidade racial, mas não foram considerados suficientes. O caso reacende o debate sobre os critérios subjetivos das bancas de heteroidentificação, a falta de transparência em algumas decisões e os impactos emocionais sobre os candidatos.

Nota da UFF

A Universidade Federal Fluminense (UFF) esclarece que o caso envolvendo a candidata Samille Ornelas está atualmente sob a esfera judicial, e que a instituição cumpre integralmente as decisões emanadas pelo Poder Judiciário, sem interferência ou autonomia decisória neste estágio do processo.

Ressalta-se que a candidata foi considerada inapta por duas comissões independentes e distintas, compostas por servidores e estudantes que recebem, regularmente, formação conduzida por especialistas na área dos estudos étnico-raciais. Portanto, são membros capacitados para atuar nas avaliações, com formação específica em letramento racial.

A UFF acredita firmemente na relevância das políticas de reserva de vagas para ingresso no ensino superior e tem atuado de forma contínua em sua implementação e aperfeiçoamento, com base nos princípios da justiça, diversidade e compromisso com a função social da universidade pública. A instituição busca assegurar, com máxima responsabilidade, que seus processos seletivos sejam conduzidos de forma transparente, isonômica e em conformidade com a legislação vigente.

spot_imgspot_img
spot_imgspot_img
spot_imgspot_img

Últimas notícias

spot_imgspot_img
spot_imgspot_img
spot_imgspot_img