O Governo do Estado do Rio de Janeiro deflagrou nesta terça-feira (16) a Operação São Francisco, considerada a maior já realizada no Brasil contra o tráfico de animais silvestres, armas e munições. A ação, coordenada pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) com apoio da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas), é resultado de um ano de investigações e revelou a atuação da maior organização criminosa do estado, com conexões interestaduais.

Foram expedidos mais de 40 mandados de prisão e 270 de busca e apreensão, cumpridos na capital, Região Metropolitana, Baixada Fluminense, Região Serrana, Região dos Lagos, além de São Paulo e Minas Gerais. Mais de mil policiais civis participam da operação. Até o momento, 145 criminosos foram identificados.
— Hoje o Rio mostra que não recua diante do crime organizado. Estamos falando de uma quadrilha que, além de destruir a fauna e ameaçar a biodiversidade, também alimentava a violência com a venda de armamento pesado. É uma resposta clara: criminosos não terão paz no estado — afirmou o governador Cláudio Castro.
Estrutura da quadrilha
As investigações apontam que o grupo explorava há décadas o tráfico de animais silvestres, abastecendo feiras clandestinas. A organização possuía núcleos especializados:
Caçadores, responsáveis pela captura em larga escala;
Atravessadores, que transportavam os animais de forma cruel até centros urbanos;
Especialistas em primatas, que caçavam, dopavam e vendiam macacos retirados de áreas como o Parque Nacional da Tijuca e o Horto;
Falsificadores, que produziam anilhas, selos, chips e documentos para mascarar a origem ilícita;
Armas, que fornecia armamento e munições para facções criminosas.
— Esse tráfico é um verdadeiro corredor da morte, porque muitos animais morrem antes mesmo de chegar à venda. Trata-se de um crime que destrói ecossistemas e ameaça a biodiversidade do Brasil — destacou o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.

Apoio aos animais resgatados
Foi montada uma base de apoio na Cidade da Polícia para onde os animais apreendidos estão sendo levados. Eles recebem atendimento veterinário de profissionais voluntários e avaliação de peritos criminais. Posteriormente, seguirão para centros de triagem com o objetivo de reintrodução na natureza.
A operação conta com o apoio do Ministério Público, do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Ibama.
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