O Estado do Rio de Janeiro deverá gerar mais de 900 mil demandas por formação profissional até 2027, segundo estudo do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), apresentado na quinta-feira (6) durante audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alerj. O encontro debateu o tema “Capacitação Profissional e Empregabilidade: Caminhos para o Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro” e foi mediado pelo deputado Vinicius Cozzolino (União), autor do Projeto de Lei nº 5.242/25, que cria o Programa de Capacitação Profissional e de Empregabilidade voltado a setores estratégicos da economia fluminense.
De acordo com o gerente de Educação Profissional do Senai-RJ, Edson Melo, o levantamento, elaborado pelo Observatório Nacional da Indústria, indica que o setor de logística e transporte lidera as projeções de empregos, com 262,5 mil oportunidades até 2027. Em seguida aparecem construção civil (149,6 mil), metalmecânica (100,8 mil), manutenção e reparação (100,1 mil) e tecnologia e engenharia (99,3 mil).
“O estudo aponta 909,7 mil demandas por formação profissional, sendo 150,6 mil de pessoas sem qualificação e 759,1 mil de trabalhadores que precisarão se requalificar”, explicou Melo.
O representante do Senai também apresentou quatro propostas para aprimorar o projeto de lei: criação da Plataforma 360 da Empregabilidade, que conecte competências e oportunidades; inclusão de apoio financeiro para alimentação e transporte de alunos de baixa renda; alinhamento com a Política Nacional de Educação Profissional e Tecnológica (PNEPT); e adesão do Estado ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas (Propag), que pode garantir novos investimentos na educação profissional até 2030.
Petróleo e Gás impulsionam projeções de emprego
Durante a audiência, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) destacou que o setor deverá gerar cerca de 300 mil empregos por ano até 2031, resultado direto do protagonismo do Rio de Janeiro, responsável por 87% da produção nacional de petróleo.
“O Estado tem o segundo maior PIB do país e um setor de Petróleo e Gás que responde por 53% dessa produção. Mas não se faz indústria sem gente, sem capacitação. Precisamos atrair e formar jovens para atender essa nova demanda”, afirmou Felipe Carvalho, gerente de Relações Institucionais do IBP.
Certificação e empreendedorismo
A coordenadora técnica da Secretaria de Estado de Trabalho e Renda (Setrab), Claudia Cunha, destacou que, além da qualificação, é essencial investir em certificação profissional, que reconheça oficialmente as habilidades de trabalhadores com experiência prática.
Já Ana Carolina Sampaio, analista do Sebrae, ressaltou a importância da educação empreendedora e de cursos que direcionem os alunos para oportunidades reais de trabalho. “Precisamos unir esforços para mostrar as possibilidades disponíveis, como a plataforma Contrata+Brasil, que é mais simplificada e acessível”, afirmou.
Participação ampla
Também participaram da audiência representantes da Faperj, Seplag, Secretaria de Energia e Economia do Mar, Instituto Federal Fluminense (IFF), UFRJ, Superintendência de Juventude, além de integrantes do setor produtivo, instituições de ensino e sociedade civil.
Para o deputado Vinicius Cozzolino, as contribuições apresentadas fortalecem o projeto de lei. “A audiência foi muito produtiva. As sugestões tornam o programa mais executável e alinhado à necessidade urgente de capacitação no nosso estado”, afirmou.
Com potencial de impulsionar a economia e preparar trabalhadores para os novos desafios do mercado, a combinação de formação técnica, requalificação e certificação profissional é vista como essencial para que o Rio de Janeiro se consolide como um polo de desenvolvimento e inovação nos próximos anos.
