“O brilho no olhar voltou”; a estrofe do samba-enredo do carnaval 2019 reflete muito bem o sentimento do torcedor da Unidos do Viradouro nesse momento. Após virar no penúltimo quesito, a escola de Niterói levantou o segundo título do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro de sua história.
Foram 23 anos com o grito preso na garganta. O enredo desse ano, “Viradouro de alma lavada”, contou a história do grupo “Ganhadeiras de Itaupã”, quinta geração de mulheres que lavavam roupa na Lagoa do Abaeté e faziam outros serviços em Salvador em busca da compra de sua alforria.
O desfile da Viradouro foi muito comentado por conta de sua luxuosidade e animação. O samba teve traços do ritmo baiano “afoxé”. A comissão de frente teve uma piscina que representava a Lagoa do Abaeté. A atleta da seleção brasileira de nado sincronizado Anna Giulia representou uma sereia e mergulhava na piscina durante o desfile.
Esse foi o primeiro desfile do casal carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcisio Zanon na Viradouro. Vale lembrar que, ano passado, a Viradouro foi vice-campeã com Paulo Barros, que saiu da escola de uma forma não muito amistosa.
A escola também fez, durante o desfile, uma exaltação ao feminismo, ressaltando o “pioneirismo” delas no movimento em solo brasileiro e a busca das mulheres do grupo em busca de liberdade.
Raíssa Machado, Rainha de Bateria da agremiação, homenageou Luiza Mahin, rainha dos Malês, uma das lideranças da revolta pela libertação dos escravos em Salvador. Outro nome de peso que participou do enredo foi a cantora baiana Margareth Menezes.
O grupo de encerramento se chamava “Lute como uma mulher!”, e levou mulheres negras ligadas à pauta feminista para a avenida.
