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Leia a nossa última edição #75

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Especial Dia da Mulher: marceneira abandonou carreira de sucesso para seguir hobby

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Vou te fazer uma pergunta, caro leitor: você já pensou em ser bem sucedido em sua carreira, com altas certificações e passagem em grandes empresas, e de repente trocar de área profissional, seguindo seu hobby? Foi o que a nossa personagem da série de entrevistas especiais para o Dia Internacional da Mulher fez.

Marluce Almeida era uma bem sucedida analista de sistemas e trabalhava em uma multinacional há muitos anos quando foi demitida durante a grande crise econômica que abateu o país nos últimos anos. Em seguida, veio uma gravidez. Esse foi o start para que ela decidisse mudar de ramo e virar marceneira, algo que fazia por hobby. Entenda mais:

ErreJota Notícias: Você tem uma formação completamente diferente à de marcenaria, como você teve essa virada tão brusca na sua carreira?
Marluce: Eu era analista de sistemas há 25 anos de uma empresa multinacional norte-americana e na crise em que a empresa demitiu 28 mil pessoas no mundo todo, eu fui uma dessas. A marcenaria era meu hobby desde 2004, e sempre que meu marido fazia aniversário eu dava uma ferramenta de marcenaria diferente. Era “para ele”, mas no fundo era para mim. Como era hobby, eu fazia coisas pequenas e quando me mudei pra Maricá, fizemos uma pequena marcenaria nos fundos da casa. Em dezembro de 2014, fiquei disponível no mercado. Pensei: ‘depois do carnaval, volto a buscar uma recolocação’. Nisso, fiquei grávida. Depois que meu filho nasceu, as coisas dificultaram. Quando ele fez um ano, resolvi desistir da área. Como todos já me incentivavam, pediam para eu fazer móveis para eles, resolvi entrar na área. Em julho de 2017 decidi profissionalizar o negócio.

ErreJota Notícias: Você hoje é considerada “madrinha” do Guia do Marceneiro. Como é isso?
Marluce: Quando eu dava as ferramentas para o meu marido, entramos em um fórum que tem mais de oitenta mil pessoas em todo o país para aprender, pegar dicas, enfim, e por conta do meu engajamento o pessoal me nomeou “madrinha”. É uma troca de aprendizagem bem legal. Tem vezes que estou passando na rua e homens adultos chegam e me dão beijo na mão, me chamam de madrinha… É bem legal esse reconhecimento.

ErreJota Notícias: Você tem um canal no YouTube também?
Marluce: Sim, e muita gente duvidava de mim, achava que não era eu quem fazia. Criei há bastante tempo atrás e só postava dicas, coisa e tal… Até que ano passado chegou a um milhão de visualizações. E no canal, fabricantes estão entrando em contato, mandando brindes.

Já fiz encontro na minha casa, com oitenta marceneiros de todos os cantos do país, com patrocinadores e tudo. Três marcas de ponta colocaram até barracas. Foi quase um congresso (risos). Como faz bastante tempo, estou até querendo repetir.

ErreJota Notícias: Vemos muito homem nessa profissão. Como os outros marceneiros te olham? Há muito preconceito? Os clientes se espantam com o fato de você ser mulher?
Marluce: É meio a meio. Antigamente as pessoas olhavam com muito mais espanto, tanto que eu criei o canal porque tinha gente que não acreditava. Nas festas, quando eu falo que sou marceneira, viro centro das atenções, porque as pessoas meio que não acredita. Pergunta se eu faço “caixinha”, se é o meu marido quem faz, comentários desse tipo. Mas o preconceito maior, mesmo, é nas lojas, quando vou comprar algo. Muitos vendedores torcem o nariz. Outras mulheres também têm muito preconceito, homens aceitam melhor.

Tem muito carinho também. Às vezes eu estou na rua e vem um marceneiro que me conhece e me pede dicas do que comprar, de como fazer, e eu fico sem reação. Quem diria, eu, uma mulher, que não sou “marceneira desde que nasci”, ser considerada desse jeito. É um orgulho ter sido aceita dessa maneira.

ErreJota Notícias: Qual a sua maior dificuldade enquanto mulher na marcenaria?
Marluce: Tenho minhas limitações – como todo mundo. Mas eu sou pequenininha, baixinha, e não consigo, por exemplo, carregar uma chapa inteira de MDF, preciso pedir para cortar em quatro quando eu compro. Mas são dificuldades físicas da profissão. Bloqueios, só físicos (bom, eu acho).

ErreJota Notícias: Como você está vendo a proporção que seu trabalho está ganhando?
Marluce: Está me surpreendendo, porque eu jamais imaginei que fosse ser tão rápido. Até o fato de ser mulher, que muita gente me disse que atrapalharia, às vezes chama a atenção e as pessoas começam a se interessar mais. Será que se eu fosse um homem, eu seria destaque? Do mesmo jeito que tem muito preconceito, tenho que aproveitar as vantagens. Acabo sendo um destaque, vamos dizer assim, algo diferente.

ErreJota Notícias: Qual seu maior sonho?
Marluce: Ver meu filho crescer feliz, se formar. Meu foco principal é o meu filho. Quero ver ele feliz, honesto, realizado. Depois que você tem filhos, sua vida muda e você passa a viver e sonhar por ele.

ErreJota Notícias: O que te tira do sério, para o lado bom e lado ruim?
Marluce: Mentira me tira do sério. Me irrita. Odeio mentiras. Agora, para o bem, qualquer coisa que envolva meu filho mexe comigo.

ErreJota Notícias: Deixe uma mensagem para as mulheres nessa data especial.
Marluce: Vejo muita gente querendo, mas não saindo da zona do conforto. Acho que o importante é fazer. Se eu um dia dei o primeiro passo e cheguei aqui, qualquer um pode. Tem que dar o primeiro passo, tirar do papel. Isso é o começo de tudo.

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