A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que iniciou na tarde do sábado (21) uma “apuração rigorosa” no quadro societário e de funcionários da empresa Vector Segurança Patrimonial, empresa terceirizada responsável vigilância da unidade do Carrefour, em Porto Alegre, onde ocorreu o espancamento e morte de João Alberto Silveira Freitas, cidadão negro, de 40 anos de idade, na noite do dia 19 de novembro.
Na manhã deste domingo (22), o estacionamento da unidade do Carrefour de Neves, em São Gonçalo (RJ), foi tomado por protestantes. Militantes do Movimento 65 e da Unegro de Maricá marcaram presença na manifestação. O ato reuniu cerca de 200 pessoas.
Os manifestantes destacaram a necessidade do fim do racismo estrutural. Também deram ênfase ao movimento “Vidas Negras Importam”.
“Estamos num processo bem delicado do nosso país, politicamente falando. Tivemos nosso ano atravessado por uma pandemia. É bom observar que uma das primeiras vítimas de Covid-19 desse país foi uma mulher negra, empregada doméstica, repetindo ações que são heranças da escravatura. Ela saiu da sua casa para proteger a vida de um patrão. Morando na casa de seu patrão, essa mulher foi uma das primeiras vítimas da Covid e, sucessivamente, nós tivemos várias outras perdas”, lembrou a presidente da União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro) de Maricá, Monica Gurjão.
Presidente estadual da União da Juventude Socialista (UJS), Leonardo Guimarães considerou o ato deste domingo em São Gonçalo como “vitorioso”, de “maioria negra” e indignada. Salientou que “são eles que sofrem diariamente na pele as dores e a violência do racismo”.
“O Brasil tem, na formação social, história do seu povo, a marca da violência, da escravidão, de uma abolição que foi feita sem conferir direitos. Então, todos aqueles que lutam por um Brasil melhor, mais justo, menos desigual, precisam compreender que o racismo formou as nossas desigualdades. A luta pela desigualdade passa, necessariamente, pela luta antirracista. Para a gente, não basta que os brancos, eu sou branco, não sejam racistas. Precisam ser antirracistas, somar à luta do povo negro e apontar que as contradições que existem na classe trabalhadora, em geral, são marcadas pela questão da raça. Os trabalhadores mais pobres, em geral, no Brasil, são negros. Racismo não permite que o Brasil avance, se desenvolva, que a nossa juventude negra viva”, disse.
Nota da empresa de segurança
‘O Grupo Vector lamenta profundamente os fatos ocorridos na noite de 19/11/2020, no Carrefour de Porto Alegre, se sensibiliza com os familiares da vítima e não tolera nenhum tipo de violência, especialmente aquelas decorrentes de intolerância e discriminação. Comunica que rescindiu por justa causa os contratos de trabalho dos colaboradores envolvidos na ocorrência. Não obstante, a empresa tomará as medidas cabíveis, estando à disposição das autoridades e colaborando com as investigações para apuração da verdade’, diz a nota.