O Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj), com apoio da Riocard Mais, lançou uma campanha de conscientização para alertar a população sobre a prática criminosa de compra ou venda de créditos de transporte associados a benefícios tarifários, como as gratuidades, uma vez que são de uso pessoal e são intransferíveis. As fraudes provocadas pelo uso indevido de benefícios sociais enfraquecem o sistema de transporte público, que vivencia uma das maiores crise de sua história, agravada nos últimos nove meses pela pandemia de Covid-19.
De acordo com o sindicato, é possível calcular o tamanho do impacto da fraude no sistema de transporte de Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí e Tanguá. Levando em consideração os dados relativos a 2019, mais de 80 mil viagens foram realizadas de forma ilegal com cartões de gratuidades do tipo Sênior, de acordo com o sistema de informações da Riocard Mais. São casos de idosos que emprestam seu cartão sem associar o ato à fraude ou alugam seus cartões para terceiros com interesses financeiros. Mas o resultado é o mesmo: comprar ou vender créditos de transporte de cartões de gratuidade é considerado crime. Em um ano, o prejuízo causado pelo fraudador pode chegar a R$ 335 mil.
Um dos mecanismos utilizados para identificação da fraude é a biometria facial. Hoje é possível verificar o passageiro que utiliza o cartão no momento do embarque. O sistema tem verificado que as câmeras dos ônibus acabam flagrando pessoas que não são cadastradas para os benefícios sociais previstos em lei ou em atos do poder público. Nestes casos, os cartões são bloqueados para uso, após os fraudadores terem sido fotografados e identificados.
Os passageiros que se utilizam de vantagens ilícitas para o uso do transporte público ajudam a financiar o crime organizado, colaboram para a perda da qualidade do sistema de ônibus e contribuem para desvirtuar o uso de recursos públicos que deveriam beneficiar apenas os usuários mais atingidos pela crise econômica.
“A campanha de conscientização é mais um esforço do setor no sentido de combater o crime que tanto prejudica o transporte público. Houve investimentos em tecnologia, como a biometria facial. Uma câmara instalada próxima ao validador auxilia na identificação das viagens que são feitas de modo irregular. Recebemos relatórios, com imagens, que comprovam que o titular da gratuidade não está usando o próprio cartão. O passageiro que pensa que está tendo vantagem, na verdade, está contribuindo para estimular uma atividade criminosa”, explica Márcio Barbosa, presidente executivo do Setrerj.
Como evitar a fraude
O Setrerj e a Riocard Mais reforçam a orientação e a recomendação aos passageiros para não emprestarem seu cartão de transporte para terceiros, já que os benefícios são concedidos pelas autoridades públicas para uso exclusivamente pessoal. Os fraudadores costumam aproveitar a falta de informação para aliciar os usuários de transporte, que podem desconhecer que a compra ou venda de créditos de transporte associados a benefícios sociais é crime previsto pela Polícia. Para evitar a fraude, basta não emprestar ou “alugar” o cartão e recusar a abordagem dos vendedores que ficam em pontos de ônibus, estações ou terminais oferecendo a passagem por um valor inferior ao valor cobrado.
“É preciso entender que colaborar com o fraudador é se associar ao crime. É falsa essa impressão de obter vantagem por pagar mais barato. O desequilíbrio causado ao transporte público prejudica o próprio passageiro. Somente o criminoso ganha com essa atitude”, observa Melissa Sartori, gerente de Marketing da Riocard Mais.