A dor de duas famílias foram ainda maiores neste final de semana, em Niterói. As familiares acusam o Hospital Icaraí, em Niterói, de trocar os corpos de um homem e uma mulher vítimas da Covid-19. Devido a confusão, o corpo da idosa foi sepultado pela família do comerciante.
De acordo com os familiares, a troca só foi percebida quando a unidade de saúde entrou em contato com a família de comerciante Ulisses Gonçalves Ribeiro, 68 anos, que faleceu no sábado (26). Os parentes receberam a ligação quando chegavam do enterro. Por causa da Covid-19, a despedida foi com o caixão fechado.
Segundo Daiane Lessa, de 34 anos, filha do comerciante, o pai morreu neste sábado (26), e estava internado há mais de dez dias no hospital. No lugar do corpo de Ulisses estava o corpo de Maria Neuza Corrêa tinha 87 anos, que passou mal no dia de Natal, como o enterro foi feito com caixão fechado, os familiares não conseguiram perceber a troca.
“Meu pai fez uma cirurgia e no dia 6 de dezembro recebeu alta, mas cinco dias depois ele começou a ter complicações e retornamos para o hospital, que falou que ele precisava ser internado novamente, devido ao comprometimento do pulmão.No dia 15 ele começou a ter muita falta de ar e foi encaminhado para o CTI [Centro de Terapia Intensivo], daí em diante ele só piorou, e veio a falecer”, conta Daiane.
No sábado (26) a filha de Ulisses recebeu uma ligação do hospital pedindo para que todos os documentos do idoso fossem levados a unidade de saúde. Já no domingo (27) o marido de Daiane fez o reconhecimento do corpo e seguiu para enterro, que foi realizado às 16h30, no cemitério Parque da Paz, no Pacheco, em São Gonçalo, uma hora após o enterro, a família recebeu a ligação do hospital informando que o corpo de Ulisses ainda se encontrava na unidade de saúde.
“Pediram para o meu marido reconhecer o corpo, ele foi lá e disse que o corpo do seu sogro era o do meio era meu pai, pois tinham três lá. O caixão foi fechado, não conseguimos saber se realmente era ele, confiamos no hospital. Realizamos o enterro e logo depois o hospital me ligou e disse que o corpo do meu pai estava lá ainda. Eles chegaram a culpar a funerária. É uma dor sem fim. Vamos ter que exumar o corpo da idosa para conseguir enterrar meu pai, isso é um grande desrespeito”, concluiu.
Em nota o Hospital Icaraí informou, que a liberação de corpos desta unidade hospitalar segue criteriosamente o seguinte protocolo: documento de liberação e reconhecimento preenchido pelo maqueiro que realiza o reconhecimento do corpo junto com o familiar. O saco mortuário é etiquetado com nome, data de nascimento, hora e data do óbito. Após o reconhecimento, a funerária faz a retirada. No caso de pacientes com covid 19 o protocolo é seguido conforme determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), sendo o corpo lacrado, para que minimize o foco de contaminação.
Quanto ao caso exposto, esclarecemos que um paciente que veio a óbito em 27 de dezembro de 2020, tendo como causa mortis acidente vascular encefálico isquêmico, consequência de uma pneumonia viral SARS-COV2, estava devidamente identificado, aguardando familiares para reconhecimento, foi retirado pela funerária, que fora contratada para retirada de corpo de outro paciente também falecido no Hospital Icaraí , no dia 26 de dezembro, com causa mortis de choque séptico, por complicações por COVID 19, cujo reconhecimento já havia sido realizado por seu familiar, ocasionando o sepultamento indevido. Ressaltamos que ambos os corpos estavam identificados, seguindo todos os protocolos do Hospital Icaraí.
O Hospital Icaraí lamenta o ocorrido e informa que está prestando todo apoio aos familiares para que os trâmites judicias possam ser rapidamente resolvidos.
Reiteramos o compromisso em seguir todos os protocolos recomendados pelo Ministério da Saúde e Vigilância Sanitária. Zelamos pelo bem-estar da população e de quem necessita dos nossos serviços. Prezamos pelo cumprimento de nossos valores e de nossa missão: salvar e preservar vidas.