O Brasil vive um surto de sarampo. São 2.300 casos confirmados nos últimos três meses, e o Rio de Janeiro é o segundo estado da federação com mais casos (12). São Paulo tem 98% dos casos – 2.299 pacientes com a doença, além de uma morte.
18.7 milhões de doses da vacina contra o sarampo foram adquiridos pelo Ministério da Saúde. A medida faz parte da intensificação da vacinação contra a doença, que tem foco em crianças de até 1 ano e adultos jovens.
Neste mês, o governo anunciou ainda uma nova recomendação para imunização de crianças. No intuito de conter o avanço da doença, o Ministério da Saúde recomenda que crianças entre seis meses e 1 ano recebam uma dose extra da vacina, com uma imunização denominada “dose zero”. A iniciativa visa a diminuir a incidência nesta faixa etária – grupo com maior presença proporcional de casos, com 38,3 em cada 100 mil habitantes, contra uma média geral de 4,10 em cada 100 mil habitantes.
Segundo a pediatra intensivista e especialista em saúde da criança e do adolescente Roberta Esteves Vieira de Castro, o sarampo é uma doença viral grave e altamente contagiosa e que os sintomas iniciais são parecidos com os de um resfriado comum. “O sarampo é uma doença viral grave e altamente contagiosa que pode evoluir para complicações e levar à morte. É transmitido por um vírus. Os primeiros sintomas são febre, tosse, coriza, como se fosse um resfriado comum. O paciente pode ter perda de apetite e apresentar conjuntivite, com olhos vermelhos, lacrimejantes e fotofobia”, explicou.
“Surgem manchas vermelhas na pele. Essas erupções começam no rosto, na região atrás da orelha, e vão se espalhando pelo corpo. O paciente também pode sentir dor de garganta”, completou Roberta.
Sendo o tratamento seguido corretamente, a maioria dos pacientes começa a se sentir melhor depois de dois dias do início da erupção cutânea. Depois de três a quatro dias, as manchas começam a ficar mais castanhas e tendem a desaparecer. A pele pode descamar como se fosse uma queimadura de sol. Muitos ainda têm tosse por uma ou duas semanas. É necessário que o paciente faça repouso e beba bastante líquido para evitar a desidratação. Como é uma virose, o tratamento é de suporte e tem apenas o objetivo de melhorar o conforto do paciente.
A pediatra pontuou que o cuidado maior deve ser com crianças e imunocomprometidos. “A grande preocupação é que o sarampo, em crianças pequenas e pacientes imunocomprometidos, pode levar a complicações. A diarreia é a complicação mais comum, mas outras podem aparecer como otite média aguda, pneumonia, hepatite e, até mesmo, encefalite. A maioria dos casos de mortes decorrem de complicações no trato respiratório ou de encefalite”, destacou.
TRANSMISSÃO – A transmissão ocorre no contato de pessoa para pessoa e pela propagação no ar. As gotículas de secreções respiratórias de um paciente que tem sarampo podem permanecer no ar por até duas horas, ou seja, a doença pode ser transmitida em espaço público mesmo que não haja contato de uma pessoa com outra. Grandes surtos têm ocorrido em locais de aglomeração como escolas, clubes, aeroportos, shoppings.
A pessoa que tem sarampo pode começar a transmitir a doença cerca de cinco dias antes de aparecerem as manchas na pele. Além disso, ela continua transmitindo o vírus quatro dias depois de as erupções terem desaparecido.
PREVENÇÃO – A vacina é a única forma de prevenção. Para combater o avanço do sarampo no país, o Ministério da Saúde recomenda uma “dose zero”, para crianças de 6 meses a 11 meses e 29 dias. É considerada uma dose extra que não substitui as vacinas do calendário nacional de vacinação – a primeira dose aos 12 meses e uma segunda dose aos 15 meses.
Se um paciente tomou apenas uma dose até os 29 anos, precisa completar o esquema vacinal com uma segunda dose.
Se a pessoa não tomou nenhuma dose, perdeu o cartão de vacinação ou não se lembra se tomou a vacina, o ideal é que ela procure um posto de saúde. Se ela tiver de 1 a 29 anos, precisa tomar duas doses da vacina, com intervalo de 30 dias entre elas. Se tiver de 30 a 49 anos, tem de tomar apenas uma dose.
*com informações da Agência Brasil