Durante o período em que esteve exilado no Chile, nos anos 1960, o educador Paulo Freire correspondeu-se por cartas com uma menina de nove anos, sua prima. As cartas compõem a narrativa da obra homônima de Nathercia Lacerda, “A Casa e o Mundo lá fora – Cartas de Paulo Freire para Nathercinha”, que o grupo En La Barca Jornadas Teatrais, nas denominadas Marchas Freireanas, traz para os palcos de seis cidades fluminenses: Campos dos Goytacazes, Niterói, Maricá, Búzios, Rio das Ostras e Rio de Janeiro.
Em Niterói, as apresentações serão nos dias 21 e 22 de outubro, às 20h, no Teatro da UFF. As sessões são gratuitas, com retirada de ingressos na bilheteria do Centro de Artes UFF, na Rua Miguel de Frias, 9, em Icaraí. No espetáculo, as atrizes e narradoras Anna Fernanda e Nady Oliveira dão voz às memórias das cartas. É uma forma de trazer Paulo Freire à cena e abordar seu legado tendo como ponto de partida o olhar da infância.
Falecido em 1997, Paulo Freire dizia, em sua última entrevista, que “as Marchas são andarilhagens históricas pelo Mundo.” O conceito de “Marchas”, segundo Freire, tem a ver “com a contestação dos excluídos, com o grito dos indignados, com o despertar dos indiferentes, com a ação política dos anônimos “demitidos pela vida”. Neste outubro de 2022 que já nasce histórico, as Marchas Freireanas se inserem no calendário político brasileiro para pensar o Brasil do futuro.