Em Março deste ano teve o início das obras na Concha Acústica que vai abrigar o Parque Poliesportivo, mas o projeto já mostrou ter um “preço ambiental”. A Comissão Permanente de Urbanismo, Obras, Serviços Públicos, Transportes e Trânsito (CUOSPTT) da Câmara de Vereadores de Niterói vistoriou na manhã dessa segunda-feira (12) o local.
A área da Concha Acústica, há anos, é uma referência de lazer e esportes na cidade. Nivea Maria da Cunha, de 41 anos, nasceu e cresceu ao lado do lugar e é vizinha do parque até hoje.
Nivea conta que o desmatamento fere, não só visualmente e ecologicamente, mas também sua memória de infância.
“Eu fiquei desesperada, eles foram tirando de parte em parte. Fiz questão de reclamar via story, marquei a prefeitura, falei com eles por diversas redes sociais e nada. Isso mexeu demais comigo”, conta a moradora.
“A gota d’água pra mim foi quando começaram a desmatar as árvores da calçada”, pontuou.
“As árvores eram centenárias, as pessoas da obram até me prometeram revitalização, mas árvores assim não nascem de um dia para o outro”, desabafou. Nivea contou que conseguiu falar com o Engenheiro Ambiental da obra: “Segundo ele as árvores estavam dando muito trabalho e manutenção para a prefeitura, eu mesma que moro aqui nunca vi uma sequer ser feita”.
Segundo a moradora também foi oferecido um projeto de urbanismo.
Árvores não são a única agonia
O posto de gasolina em frente ao Canto do Rio também sofrerá com a obra. Faz parte do projeto o fechamento do estabelecimento, o que pode acarretar numa maré de incertezas para os trabalhadores.
Uma profissional que não quis se identificar contou que não sabe se será realocada. “A gente só vai saber em março, mas não temos certeza de nada”, conta a profissional e diz que ouviu falar que o local pode se tornar a piscina do novo Centro.
Outro lado da história
O ERREJOTA acompanhou uma supervisão da obra feita pelo vereador Professor Túlio, membro da Comissão, para entender o desmatamento. A Engenheira Civil e responsável da obra, Camila Buy, contou um pouco mais do andamento da obra e esta questão ambiental.
“Nossa obra teve início em fevereiro, e as árvores tinham raízes de 5 ou 6 metros, o que não permitia as coisas irem pra frente. Tentamos encontrar uma maneira com o engenheiro ambiental de mover ou replantar estas árvores, então realmente removemos”, contou a responsável e também revelou que foram derrubas 102 árvores no processo.
Ela também diz que a demora da obra veio justamente do aguardo da licença, que regulariza esta derrubada de árvores e o reflorestamento está nos planos. “Já temos um projeto para adicionar novas árvores no espaço e no entorno”, conta Camila.
Camila também contou que apenas duas árvores se manterão: dois paus-brasil, que ainda que antigos, são muito pequenos e podem morrer no deslocamento.
A Prefeitura de Niterói foi questionada sobre o assunto mas ainda não se manifestou sobre o assunto.