Nesta terça-feira (17/01), aconteceu a solenidade de recondução do reitor, Antônio Cláudio Lucas da Nóbrega, e do vice-reitor, Fábio Barboza Passos, da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Niterói. O evento, que contou com a participação do prefeito Axel Grael, começou com uma apresentação musical de Soraya Ravenle da música “Todo Cambia” e do clássico “Viola enluarada”. Às 18h20, começou oficialmente a seção solene.
Durante toda a recondução da posse do reitor e vice-reitor, foram destacados os problemas com os cortes orçamentários no ano anterior e a necessidade da luta da instituição para superar essas dificuldades. Além disso, os discursos de profissionais de diferentes áreas do conhecimento, que estavam presentes no evento, também enfatizaram a importância do comprometimento da gestão universitária com os direitos individuais e coletivos e os princípios da democracia.
A cerimônia foi aberta com Francisco de Assis Palharini, que enfatizou a necessidade de aprofundar a discussão, ao longo do atual Governo Federal, sobre a autonomia universitária, de modo a não deixar brechas futuras para intervenções nas universidades federais.
Tiago José, representante da equipe de pós-graduação da UFF, ressaltou as mudanças que a instituição passou nos últimos anos. “Agora há ajustes de bolsas, mais consistência nos diferentes programas oferecidos. Cada vez mais a universidade pública se transforma e se aproxima mais da realidade do povo brasileiro”, disse.
“A nossa estima e desejo é que a nova equipe, de reitor e vice-reitor, possa resolver tudo que está pendente e possa fazer com que a UFF assuma toda a capacidade que ela tem”, completou Tiago.
Uma iniciativa pioneira, elogiada sobre a gestão nos anos anteriores, foi o programa de teletrabalho aplicado na categoria de técnicos administrativos. Isso foi reafirmado no evento em conjunto com a implantação de atendimentos à estudantes em diferentes unidades e a vinda da Pró-reitora de Assuntos Estudantis (Proaes) para a unidade fluminense. Também afirmaram a força e o grande empenho do reitor e do vice reitor ao longo do período pandêmico com a implicação dos atendimentos de emergência a estudantes e com o auxílio ao ensino e trabalho à distância.
De acordo com Rita Leão Paixão, representante dos discentes, “eles entenderam que o compromisso com uma universidade é um compromisso com toda a liberdade de um povo”. Ela explicou que, durante o período pandêmico, a UFF teve o menor índice de evasão e um dos maiores números de concluintes de diferentes cursos no país graças a essa equipe. A professora finalizou dizendo que espera que “eles cumpram a sua missão e que o nosso povo seja mais feliz”.
Édson Teixeira da Silva Júnior e Tiago Rodrigues, diretores da Associação de Docentes da UFF (Aduff), afirmaram que o quadro político teve impacto direto no sistema educacional brasileiro, com a soma de 22 intervenções nas comunidades acadêmicas em que não foram respeitadas as opiniões dos administradores das universidades. “A Aduff não medirá esforços para lutar contra esses atos antidemocráticos. A diretoria segue determinada em garantir a democracia interna da universidade”, afirmaram.
A coordenadora geral dos trabalhadores da UFF (SINTUFF), Bernarda Thailania Ferreira Gomes, destacou a questão da luta contra às intervenções políticas. Enquanto acontecia a fala, algumas pessoas na plateia levantaram cartazes com palavras de ordem: “Basta a criminalização do reposicionamento”, “Fim dos Processo Administrativo de Disciplinar (PADs) e nenhum corte salarial” e “SEM ANISTIA! – Prisão e punição aos golpistas”. Para Bernarda, “o reitor e vice-reitor reeleitos devem assumir a luta frente os atos antidemocráticos” e complementou que essa ação foi falha no último mandato.
O professor Ricardo Marcelo Fonseca, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), afirmou que nos últimos anos “aquilo [a democracia] que antes parecia tão conquistado e tranquilo se tornou um motivo de intranquilidade em todo território nacional”. Por esse motivo, ele completou que “isso mostrou uma paralização educacional péssima para todo o país e, na última posse, os dois fizeram um trabalho muito bom para contornar isso”.
O professor também parabenizou a comunidade acadêmica por ter escolhido um “Reitor da ciência, da resistência e da luta”, fazendo referência aos ataques sofridos nos últimos anos, e disse que nessa segunda posse cabe a Antônio Cláudio ser o “Reitor da reconstrução” para que, assim, a universidade cumpra o seu papel de educação. E finalizou falando sobre a necessidade de aumentar a inclusão, a autonomia universitária e de reconstruir na sociedade a valorização da cultura, da palavra e da ciência em detrimento da violência.
De acordo com Brenda Mingueli Santos, estudante de História da universidade e coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), o papel do diretório atualmente “é continuar levando a frente a luta dos estudantes e que a UFF continue sendo referência em qualidade de ensino, com amplos atos inclusivos”.
O prefeito de Niterói, Axel Grael, agradeceu com ênfase o trabalho da universidade nos últimos anos diante o enfrentamento da pandemia do COVID-19.
“Tivemos uma experiência muito boa de parceria com a universidade no período em que ela estava com um déficit tão grande de investimento público, principalmente com o projeto do Programa de Desenvolvimento de Projetos Aplicados (PDPA), o novo Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS), o Cine Icaraí e entre outros projetos. Estamos a disposição de criar novos trabalhos que possam trazer vantagens a nossa sociedade e ao nosso país”, afirmou.
O presidente da Fundação Carlos Chagas Filho (FAPERJ), Jerson Lima Silva, disse “que a UFF tem um potencial imenso de produzir conhecimento e, com uma magnífica penetração no interior do estado, traz esperanças de um futuro brilhante para os estudantes”.
Após o representante do Secretário do Ministério da Saúde do Estado, Marcos Viniciu, dizer que o reitor e o vice-reitor “sempre podem contar com o meu auxílio para ajudar a universidade”, a cerimônia se encaminhou para o encerramento.
O vice-reitor, Fábio Passos, começou o seu discurso saldando seus familiares e os demais companheiros que trabalham na educação do país: membros do Conselho universitário, docentes, técnico administrativos, universitários e entre outros. O professor relembrou os princípios que foram estabelecidos na primeira gestão e as grandes conquistas que foram feitas, superando as dificuldades políticas e econômicas. “A UFF é a balbúrdia da extensão qualificada e ligada à sociedade, da ciência e da tecnologia”, completou.
Encerrando as falas da mesa de honra, o reitor Antônio Cláudio agradeceu a presença de todos e cumprimentou todos os gestaros e autoridades presentes. Com encontro marcado com o presidente do Brasil, Lula (PT), afirmou com convicção que “estamos prontos para trabalhar na reconstrução do ensino no país”.
“As universidades brasileiras enfrentaram – e ainda enfrentam – as consequências de um corte orçamentário gigante e de uma pandemia com mais de 600 mil mortos”, pontuou. Ele destacou, ainda, que a UFF mudou a forma de trabalhar, articulou novos projetos e conseguiu avançar com o trabalho coletivo dos seguimentos que compõem a universidade.
Antônio Cláudio finalizou parabenizando o trabalho dos gestores nos últimos anos com o dizer popular “não sabendo que era impossível, vocês foram lá e fizeram” e, com isso, completou dizendo que espera mais quatro anos de inúmeras conquistas com trabalhos de extensão e educação motivados pelos ganhos coletivos.
*estagiária sob supervisão de Raquel Morais