A primeira assembleia da Câmara Setorial de Cultura Afro-Brasileira de Maricá, que aconteceu na última quinta (26), voltou a debater o caso de intolerância religiosa que aconteceu na cidade com a negativa do Pe. Max Celestino, da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Amparo, de permitir a tradicional Lavagem das Escadarias da igreja, que é realizada por membros de religiões afro. Vale lembrar que a Câmara Setorial divulgou, há época, nota de repúdio ao fato, posicionando-se em defesa da cultura, dos direitos humanos e da liberdade religiosa.
Para os integrantes do coletivo, o fato infringiu a Lei Municipal de Cultura (Lei 2512/2014). Presente na reunião, o vereador Igor Corrêa (PCdoB) se comprometeu a encaminhar ao Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC) uma proposta para tornar a tradição um Patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. Os participantes da Câmara Setorial consideraram a medida “uma vitória para a Cultura de Maricá”. Vale lembrar que a lavagem das escadarias já faz parte do calendário anual do município.
Durante o evento, também foram discutidas diversas pautas da Câmara setorial de Cultura Afro-Brasileira, como o senso dos povos de matrizes africanas, regimento interno, fichas de adesão, agenda dos próximos eventos, calendário das próximas Assembleias, além de diversas propostas recebidas e encaminhamentos para a organização interna do setorial.
A assembleia contou, ainda, com a apresentação da conselheira estadual de Cultura e Patrimônio do INEPAC, Renata Aymoré Gama, que explicou ao público presente o que é e o que representa o Patrimônio Histórico Material e Imaterial, bem como a importância da Preservação da Memória, mantendo vivas as tradições culturais dos povos pela comemoração anual.

A mesa da assembleia foi composta por Júlio César Fernandes (conselheiro municipal de Cultura Afro-Brasileira de Maricá), Everaldo Rocha (artista plástico), Babalorixá Antônio Jonas Chagas Marreiros, Pai Liminha do Terreiro (Capangueiro do Templo Ilê Axé Orô Jagun, sede da Fonte para Orientação Religiosa das Matrizes Africanas), Levi Gomes (conselheiro municipal de Música), os vereadores Igor Corrêa (PCdoB) e Hadesh (PT), Renata Aymoré Gama (conselheira estadual de Patrimônio Histórico e Presidente do IGHAM), Saleth da Dalt (Socióloga com pós-doutorado em Avaliação de Políticas Sociais, representante do Instituto Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação Darcy Ribeiro – IDR – e ex-diretora do Núcleo de Avaliação de Políticas Públicas da Universidade Federal Fluminense – DataUFF), e Pery Salgado (Jornal Barão de Inohan).
Participaram, ainda, representantes do Vale do Sol e da Lua do País Luiz Antônio, Eliane da Silva Guimarães da Irmandade da Sagrada Luz, Sérgio Varella (TEA – Templo Espírita de Aruanda), Paulo Cardoso (Presidente da ALAPI, Secretário Executivo do Subcomitê do Sistema Lagunar Maricá/Guarapina, órgão do Comitê das Bacias Hidrográfica da Baía da Guanabara, Região Hidrográfica IV), Luzinéa Braz (Movidade), Fharah Marmud (PEA), Artista Jambif, o Pajé Kajanã (representante da Secretaria de Participação Popular Direitos Humanos e Mulher), Artista Plástica Priscilla Fontes, o músico Aldo Correa e a Cantora Jô Borges.
O próximo encontro deve acontecer no Pomar da Gratidão. A ideia é realizar, durante a assembleia, uma feijoada comemorativa ao lançamento da Cartilha de Orientação a Legalização dos Axés.