Nesta quarta-feira, 15, fez 48 anos a fusão dos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara. A medida fora fruto de uma emenda constitucional sancionada pelo então presidente da República na época, general Ernesto Geisel, em 1º de julho de 1974, logo após a inauguração da Ponte Rio-Niterói. A emenda fora escrita por ele. O objetivo era enfraquecer a oposição crescente no Estado da Guanabara, liderada pelo MDB, já que o Estado do Rio era mais simpatizante ao regime militar. A medida, contudo, só trouxe prejuízos econômicos e sociais ao antigo estado fluminense, cuja capital era Niterói.
O Estado da Guanabara existiu como unidade da federação entre 1960 e 1975 e a capital era a cidade do Rio de Janeiro, então única cidade do estado. Com a mudança da capital federal para Brasília em 1960, o Rio tornou-se o Estado da Guanabara, de acordo com a Lei 3.752, de 14 de abril daquele ano. Através de um plesbicito promovido em 21 de abril de 1963, durante o Governo João Goulart, a população decidiu pela manutenção do Rio como cidade-estado da Guanabara. A transformação do Rio como cidade-estado foi uma compensação pela perda da condição de capital federal.
A Guanabara tinha uma economia rica, enquanto o estado do Rio era mais pobre, mesmo com a industrialização crescente no eixo Rio-São Paulo. A fusão gerou polêmica no meio político da época, por não ter havido consulta popular e ainda hoje há quem diga que o processo não se completou na prática, alegando que o interior recebe menos atenção que a capital.
“Houve o que chamo de desaparelhamento público. Niterói foi esvaziada de funções pois a fusão, tirou dela o status de capital fluminense, função que exerceu desde 1835. A perda desse status também afetou a identidade do município. E de certa forma isso é visto até nós nossos dias. Os niteroienses viram patrimônio e serviços serem transferidos para a cidade maravilhosa após a fusão”, explicou a historiadora e guia de turismo Nani Rodrigues.
Até a fusão, os jornais recebiam notícias do antigo estado do Rio através da Agência Fluminense de Informação, que distribuía matérias para os municípios. Com a fusão e a administração do novo estado indo para o Rio, os jornais locais, ficaram sem fonte de informações. Então, um grupo de jornalistas de Niterói criou a Central Fluminense de Notícias, que foi bancada através de cotização pelos veículos da época.
Com a fusão, órgãos públicos e seus servidores foram deslocados de Niterói para a cidade do Rio de Janeiro. O município se transformou anos depois em uma espécie de cidade-dormitório. Ainda hoje é assim, com muitos moradores da cidade atravessando a Baía, seja pela Ponte Rio-Niterói ou de barca para a nova capital fluminense. Se antes quem morava em Maricá e São Gonçalo precisavam ir a Niterói resolver alguma coisa em algum órgão estadual, teve que se deslocar até o Rio de Janeiro.