A divulgação dos resultados do Censo Demográfico 2022 confirmou uma tendência que já vinha se mostrando nos últimos anos: a população de Maricá estava crescendo exponencialmente. Com mais de 197 mil habitantes registrados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um crescimento de quase 55% em relação ao Censo 2010, diversos fatores são apontados como os responsáveis para a consolidação do êxodo migratório.
Maricá foi a nona cidade do país que mais recebeu novos moradores, a cidade do Estado do Rio com maior crescimento populacional. Para Fernando Mattos, professor de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), a prosperidade do município e sua boa administração a partir do usufruto dos royalties do petróleo, além dos serviços sociais excelentes e mercado de trabalho em ascensão são alguns dos principais fatores que podem explicar esse aumento populacional.
“O estado do Rio de Janeiro vem tendo, desde 2016, um desempenho muito ruim do mercado de trabalho. De todos os 27 estados, é o que vem tendo pior desempenho no país. A dificuldade no mercado de trabalho, nos últimos 15 anos, piorou demais na Região Metropolitana”, frisou Fernando.
Vale registrar que Maricá vem na contramão do Estado, tendo registrado aumento no estoque de vagas nos últimos anos, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego.
“Todo o êxodo registrado vem por conta da transformação que Maricá viveu ao longo dos anos. A cidade vive política pública. E a Moeda Social Mumbuca é um dos pilares. Maricá foi um município que durante a pandemia teve crescimento no Caged, tanto em 2020 quanto em 2021. E tivemos um salto de pessoas aderindo à plataforma E-Dinheiro (que opera a moeda), não apenas beneficiários. Ou seja: a meu ver, a Mumbuca serviu como atrativo para trazer pessoas para o município”, avaliou a presidente do Banco Comunitário Popular de Maricá (Banco Mumbuca), Manuela Mello.
A tranquilidade da cidade também é um fator que pode ter atraído novos moradores para Maricá. “Durante a pandemia, as pessoas buscaram locais mais tranquilos e longe dos centros urbanos e Maricá é relativamente perto de cidades centrais e principais, onde as pessoas mantém seus trabalhos. O que a gente percebe, é que pode também estar ligado ao sucesso da gestão de prefeitos petistas”, acredita Márcio Malta, cientista político da UFF.
“Maricá é completamente diferente depois que nosso grupo político assumiu o comando. Temos transporte público de qualidade, temos educação que melhora ano após ano, temos uma saúde em que nossa população pode confiar e programas sociais que ajudam a melhorar a vida do povo”, acredita o presidente da Câmara de Vereadores de Maricá, Aldair de Linda (PT).
Um dos itens apontados pelo IBGE como responsável pelo fluxo migratório é a educação, que vem galgando no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). “Ter a tarefa de ser gestor da educação em Maricá nos enche de orgulho, mas temos a consciência da responsabilidade que é isso. É, cada vez mais, buscar alcançar melhores resultados, com uma educação cada vez mais inclusiva, cada vez mais libertadora, transmitindo consciência para as pessoas de que não é possível a autonomia do ser, do jovem, do homem, da mulher, a não ser pelo conhecimento, pela educação”, disse o secretário de Educação Márcio Jardim.
A tranquilidade citada por Márcio Malta é mantida por conta dos investimentos municipais em segurança pública. “O planejamento e investimentos do prefeito Fabiano Horta já contemplavam um aumento populacional desse porte. Os investimentos na segurança seguirão sendo robustecidos. Mesmo estando na Região Metropolitana e cercada por municípios com maiores índices de criminalidade, mesmo com todos esses fatores, conseguimos manter índices de 20, 25 anos atrás. Números muito positivos e que não podem ser desconsiderados”, destacou o secretário de Ordem Pública de Maricá, Coronel Julio Veras.
Ou seja: o aumento populacional de Maricá deixa claro que as experiências bem sucedidas no município precisam ser replicados para que a qualidade de vida encontrada na cidade possa ser encontrada em qualquer lugar. “Diante disso, acho que tivemos o Censo que foi possível, diante da conjuntura colocada, e devemos aproveitar os dados, fazendo ajustes que as demandas populacionais e a vontade política permitirem, para o fomento de políticas públicas que visem melhora na vida das pessoas e uma justiça social real nesse país”, concluiu o sociólogo Rafael Mello.
*colaborou Anderson Carvalho