Um ônibus da Viação Nossa Senhora do Amparo que saiu de Maricá com destino ao centro do Rio, foi sequestrado por criminosos na manhã desta quinta-feira (03). Os bandidos armados renderem o motorista, roubaram os passageiros de forma violenta e obrigaram o motorista a desviar a rota e levou o coletivo para o complexo de favelas da Maré, no Rio.
De acordo com as vítimas, o ônibus foi rendido por volta das 5h50, quando passava pela altura do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio.
As vítimas também contaram que 3 homens deram sinal, entraram e anunciaram o assalto. Em seguida, eles obrigaram que os passageiros fechassem as cortinas, para evitar que alguém notasse que havia um assalto no coletivo.
Um dos passageiros contou que os criminosos estavam muito agressivos. Um deles ficou o tempo todo com uma arma apontada para o motorista.
“Eles entraram no coletivo. Um fez o motorista de refém e os outros dois atravessaram a roleta e começaram a ameaçar as pessoas. Eles chegaram a dar uma coronhada em um dos passageiros e foram até o fim do ônibus e questionaram se ele era polícia, porque se fosse iriam matar ele. Eles também gritavam e perguntavam se “queriam perder a vida por causa de um telefone?” Eles queriam outro telefone, em uma gritaria”, diz uma das vítimas, que destacou ainda:
“Um deles ameaçou dar um tiro para o alto, mas um outro disse que não precisava daquilo, porque ali só tinha trabalhador. Eles pegaram o ônibus, mandaram fechar a cortina, ficaram dando voltas e foram até um viaduto na Maré. Em seguida, eles desceram. Eles foram agressivos. É muito complicado. Você pega o ônibus as 4h, para vir trabalhar, e passa por isso aqui no Rio”.
Após os criminosos fugirem, o motorista e os passageiros foram para a 17ª DP (São Cristóvão), onde o caso é registrado.
Caso recorrente
Não é a primeira vez que esta linha enfrenta problemas de segurança pública. Há menos de 1 semana, a mesma linha também foi sequestrada. Na última sexta-feira (27), a mesma linha, Castelo x Maricá foi abordada por bandidos no mesmo local, em frente ao INTO. O crime aconteceu por volta das 20h50, quando três criminosos armados renderam o motorista ao parar no ponto. Na ocasião, os assaltantes entraram no ônibus e, sob ameaças e agressões físicas, roubaram os pertences dos passageiros. Após o crime, os assaltantes obrigaram o motorista a dirigir até o Complexo da Maré, onde desembarcaram e fugiram. Este caso foi registrado na 22ª DP (Penha).
Uma das passageiras que estava no ônibus nesta quinta, desabafou sobre tamanha violência enfrentada pela população que precisa do transporte público.
“Essa é a 4ª vez em 2 semanas. Na semana passada, pegaram o Maricá, levaram para dentro da Maré, bateram nos passageiros. Hoje foi 5h50. Pelo amor de Deus. É um terror, uma agressão psicológica muito grande que sofremos. A gente sai todo dia às 4h para trabalhar. Alguém tem que tomar uma providência nesse Rio de Janeiro. Optamos por morar em Maricá para ter sossego, mas temos que trabalhar no Rio”, declarou a vítima.
Em nota, a Polícia Militar disse que o comando do 4º BPM (São Cristóvão) trabalha em conjunto com a delegacia da área na busca de informações sobre os autores do crime. A PM disse que vai procurar as concessionárias dos ônibus a fim de adotar melhor estratégia para frustrar as tentativas de roubos na região.
O Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) emitiu uma nota sobre o caso, confira abaixo:
O Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) tem alertado insistentemente as autoridades de segurança pública do Estado sobre os constantes assaltos a ônibus em sua área de atuação, que compreende 13 municípios. Mais de 20 ofícios foram enviados a delegacias, batalhões da PM e secretarias de governo, solicitando a criação de um serviço como o Segurança Presente focado no transporte de passageiros. Em março deste ano, a entidade classista destacou a onda de assaltos a coletivos intermunicipais, cujos marginais embarcavam nos pontos das imediações do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), no Caju, Rio de Janeiro. Reivindicou, inclusive, a instalação de uma base da PM no local. Nada, contudo, foi feito para coibir a ação das quadrilhas e, nesta quinta-feira (03/10), um rodoviário e seus passageiros tiveram suas vidas em risco, sob a mira de armas e debaixo de ameaças de bandidos, em um episódio que, infelizmente, tornou-se rotina na Região Metropolitana. Nenhum trabalhador tem que passar por isso. Os danos psicológicos são marcas que todo cidadão levará para o resto de sua vida e que se refletirão no aspecto econômico, com afastamento do trabalho e tratamentos médicos. Portanto, mais uma vez, o Sintronac pede às autoridades públicas a implementação das medidas necessárias ao fim das atividades criminosas nos ônibus, pois a garantia da segurança pública é um dever do Estado e um direito de todos nós.
Rubens dos Santos Oliveira
Presidente do Sintronac