Durante entrevista ao “Valor Econômico”, o presidente da Águas do Rio, Alexandre Bianchini, anunciou que a empresa planeja despoluir a Baía de Guanabara até 2033. E para a estratégia dar certo, a ideia é zerar o despejo o esgoto in natura em rios e córregos que desaguam na baía.
De acordo com Bianchini, ao impedir que a poluição chegue à Baía de Guanabara, a renovação das águas (que acontece a cada 12 dias por conta das marés) vai fazer com que o ecossistema seja renovado, bem como a balneabilidade – até mesmo nos pontos mais degradados. 143 rios e córregos, além de galerias de águas pluviais, desaguam na baía.
Vale lembrar que a empresa assumiu os serviços de saneamento em parte da capital e 26 municípios do Rio. Desses, 12 cidades compõem a região hidrográfica da baía, incluindo São Gonçalo. Niterói já tinha o serviço concedido para outra empresa privada e Maricá manteve o serviço público, sendo responsabilidade da Companhia Municipal de Saneamento (Sanemar).
Uma estratégia de despoluição em duas etapas já está traçada. De acordo com o presidente da Águas do Rio, a primeira prevê a construção de um sistema coletor de esgoto de tempo seco. O sistema prevê uma rede de tubulações com pelos menos 30 km de extensão a ser construída em pontos ao redor da baía. A intervenção duraria cinco anos. Um investimento de R$ 2,7 bilhões.
As estações de tratamento de esgoto (ETE) operadas pela Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae) passarão por manutenção e/ou ampliação. Bianchini afirmou que esse trabalho deve começar pelas regiões que mais despejam esgoto na baía e possuem as estações de maior potencial, casos da zona norte e centro da capital e de São Gonçalo.
Em paralelo, a Águas do Rio pretende iniciar as obras de implantação das tubulações da rede de esgoto separadora, que deve adentrar bairros ainda não atendidos para se conectar a cada residência, e ligá-las diretamente às estações. Serão 12 anos para a empresa terminar essas obras, um investimento de R$ 7,9 bilhões apenas nesse sistema.
Dados da engenheira e consultora Eloisa Torres, executiva de programas estatais de despoluição da Baía de Guanabara no passado, apontam que 2,2 milhões das 9,1 milhões (aprox. 24%) pessoas que moram no entorno da baía tinham esgoto coletado e tratado até 2020.