A segurança pública será o tema central a partir desta terça-feira (02) no Fórum de Segurança Pública em Perspectivas Transversais: “Caminhos para cidades resilientes, pacíficas e sustentáveis”, que antecede a XXX Cúpula da Rede Mercocidades, sediada em Niterói ao longo desta semana. O encontro reúne especialistas nacionais e internacionais para discutir estratégias de prevenção à violência, fortalecimento das políticas públicas e o papel dos municípios na construção de cidades mais seguras.
O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, que assumirá a presidência do Mercocidades durante a Cúpula, destacou que a experiência recente do município pode contribuir para ampliar o debate sobre segurança pública na América do Sul.
“O Brasil ficou preso por muito tempo a um falso dilema entre políticas sociais e policiamento. Em Niterói, mostramos que segurança pública eficiente é resultado da integração de inteligência policial com investimento social estratégico. Não é um ou outro: é a combinação dos dois que funciona”, afirmou.
Resultados expressivos
A trajetória recente da cidade reforça esse diagnóstico. Em 2018, Niterói registrava 35,8 mortes por 100 mil habitantes, acima dos 29,7 da cidade do Rio. Em 2025, o índice caiu para 11 mortes por 100 mil habitantes, metade das 22 registradas na capital no mesmo período. Os roubos também despencaram: de 1.738,5 para 331,3 por 100 mil habitantes, enquanto no Rio a redução foi de 1.817,01 para 915,6.
Os dados são do Instituto de Segurança Pública (ISP) com base no Censo e em estimativas populacionais do IBGE.
A percepção dos moradores acompanha a melhora: em 2018, 81,5% consideravam a cidade violenta ou muito violenta; em 2025, esse percentual caiu para 36,6%.
Rodrigo Neves afirma que os resultados são fruto da decisão da Prefeitura de assumir protagonismo na área:
“Investimos em inteligência, ampliamos o efetivo, fortalecemos a Guarda Municipal e implementamos programas sociais robustos. Essa integração mudou a trajetória da cidade”, disse.
Tecnologia, integração e programas sociais
A estratégia envolve ações simultâneas. No campo tecnológico e operacional, destacam-se:
Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), com mais de 600 câmeras e atuação conjunta da Guarda Municipal, PM, Polícia Civil e PRF;
Portais de segurança com câmeras inteligentes, responsáveis pela recuperação de mais de 650 veículos roubados;
Uso pioneiro do sistema ShotSpotter, que identifica disparos em tempo real;
Ampliação da Guarda Municipal de 300 para mais de 800 agentes;
Investimento de R$ 72 milhões por ano no PROEIS e no reforço das investigações via RAS.
Na área social, programas estruturantes sustentam a redução da violência, entre eles:
Poupança Escola, para 9.600 estudantes;
Niterói Jovem Eco Social, com 1.500 jovens em cursos de qualificação;
Escola da Família, com suporte a gestantes e famílias da primeira infância;
Rede Acolher, que apoia egressos do sistema prisional.
Todas essas iniciativas compõem o Pacto Niterói Contra a Violência, lançado em 2018 com orçamento de R$ 820 milhões.
Para Rodrigo Neves, o Fórum será oportunidade de troca e construção coletiva:
“Não apresentamos um modelo fechado, mas resultados concretos. Reduzimos homicídios e roubos a patamares históricos e mostramos que é possível construir paz urbana com planejamento e coordenação. A segurança pública é uma agenda municipal e queremos debater isso olhando para o futuro das cidades da América do Sul”, afirmou.
Abertura e programação
A abertura do Fórum acontece nesta terça-feira (02), às 9h30, no Teatro Popular Oscar Niemeyer, com a presença de Rodrigo Neves; Victor Santos (secretário estadual de Segurança Pública); Antonio Claudio da Nóbrega (reitor da UFF); Eduardo Vergara (BID); Hugo Acero Velásquez (ex-secretário de Segurança de Bogotá); e Andressa Caldas (Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos do Mercosul).




















