Para o combate à desinformação e ao discurso de ódio disseminado nas redes sociais em todo o país, entrará em vigor a partir desse ano o novo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) da Universidade Federal Fluminense (UFF): Disputas e Soberanias Informacionais.
O projeto foi aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que abriu chamada nacional para a constituição de novos INCTs em áreas estratégicas, na busca pela solução de grandes desafios nacionais.
O objetivo do projeto é realizar a legitimação do conhecimento científico e inibir o compartilhamento de “fake news” (notícias falsas), que crescem conforme o número de compartilhamentos. Ou seja, buscam trabalhar para que a difusão rápida de conteúdos nas plataformas online, que muitas vezes apela para o emocional do leitor/espectador e chama atenção com títulos sensacionalistas, seja feito com maior responsabilidade moral e legal.
O INCT visa a identificação dos problemas em escala global e, a partir desses dados, a criação de estratégias que busquem abordagens saudáveis na Internet e a distribuição verídica da informação.
“Ao investigar a noção de soberania, a proposta reforça a capacidade do país em criar políticas de combate para a circulação de informações danosas em seu território, sobretudo por conta da ampla difusão de plataformas de comunicação digital”, afirma o coordenador do projeto e professor do Departamento de Estudos Culturais e Mídia da UFF, Afonso de Albuquerque.
Dessa forma, as pesquisas de dados dentro da universidade auxiliam na busca da regulamentação da mídia e das plataformas digitais, no combate à desinformação e aos discursos de ódio, reforço da privacidade e governança de dados pessoais, aprimoramento de diretrizes e modelos de financiamento da produção de conteúdo científico, jornalístico e de interesse público.
O projeto pretende montar uma rede internacional de investigadores na área de informação e investigar a evolução de plataformas e algoritmos. Ao oferecer um diagnóstico contínuo acerca de como as mudanças implementadas por atores privados afetam o interesse público, o trabalho também é realizado para evitar que atos violentos, como o de Brasília, aconteçam novamente.
Entenda o caso – Em Brasília, no último domingo (08/01), o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto foram invadidos e depredados por golpistas. O ato antidemocrático foi realizado por bolsonaristas radicais que exigiam, principalmente, a intervenção militar e a prisão do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Nas redes sociais, antes da invasão, diversos apoiadores do ex-presidente reproduziram discursos e citaram também outros episódios em que grupos tentaram invadir a Esplanada dos Ministérios ou a Praça dos Três Poderes para tentar justificar e minimizar a ação violenta.
A difusão dessas informações colaborou para a articulação do evento deste domingo, dessa forma, reforçando os riscos da ampla difusão de informações nas plataformas de comunicação digital que ocorrem, principalmente, para fins econômicos e políticos.
*estagiária sob supervisão de Raquel Morais