O Estádio Caio Martins, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, pode ganhar um novo destino na próxima quinta-feira (26), isso porque a Câmara Municipal de Niterói vai receber uma audiência pública para discutir uma possível transformação do local, que pode deixar de ser somente um espaço esportivo para se tornar um parque público e um memorial sobre o período da ditadura militar no Brasil.
A sessão será realizada às 18h30 e a proposta foi articulada pelo vereador Professor Tulio em conjunto com os mandatos da deputada federal Talíria Petrone e do deputado estadual Flavio Serafini, ambos do PSOL. Também serão discutidas as alterações no projeto de drenagem urbana já proposto pela prefeitura, que prevê a construção de um gigantesco reservatório subterrâneo (o chamado “piscinão”) com capacidade para 80 milhões de litros de água.
A escolha do local para o memorial sobre a ditadura não é por acaso, para quem não sabe, o estádio serviu como prisão e local de tortura, durante o período militar, segundo documentos do antigo Dops analisados pelas Comissões Estadual e Municipal da Verdade. Os relatórios confirmam o encarceramento de ao menos 339 pessoas no local — embora ex-presos políticos relatem um número superior a mil.
A data da audiência também foi escolhida de forma extratégica, o dia 26 de junho é o o Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura. A ideia é que no espaço também seja construído um projeto inédito de Oscar Niemeyer, chamado o “Arco da Maldade”, que segundo o professor Tulio, será para que não sejam esquecidos as barbáries e os crimes crueis cometidos durante o período e principalemnte para que esse tipo de práticas autoritárias não se repitam.
“A população de Niterói não pode esquecer o que foi a ditadura. Técnicas como tortura, desaparecimento forçado e violência psicológica ainda ecoam nas ações de segurança pública de hoje”, afirmou o vereador.
