Nesta sexta-feira (20), Dia de São Sebastião, a Câmara Municipal de São Gonçalo realizou uma ação voltada a intolerância religiosa. A sessão foi organizada pela Coordenadoria Municipal de Assuntos Religiosos do município e contou com a liderança de diversas religiões como o Umbandismo e o Catolicismo, além de representantes dos parlamentares gonçalenses.
O vereador Romário Régis (PDT), um dos únicos vereadores presentes, discursou sobre a importância da comissão e relembrou casos de intolerância religiosa na cidade. “A gente tem um recorte de um país que foi pautado, por exemplo, pelo racismo das religiões de qual os africanos sofrem diretamente intolerância e o racismo, mas no recorte brasileiro existe uma gravidade que a gente precisa levar em consideração”, destacou.
“A casa de velho de Moraes é um lugar simbólico e que representa a história de São Gonçalo e da Umbanda foi derrubada sem que o poder público mediasse a possibilidade daquele espaço virar um museu e virar um espaço de memória da cidade”, ressaltou.
Por fim, o vereador disse que a cidade investe grandes recursos em eventos de Corpus Christi e Marcha para Jesus e esquece de outras religiões, como as de matrizes africanas. “O orçamento precisa ser destinado também no combate ao racismo e a intolerância religiosa, por isso, estamos longe de combater os preconceitos, precisamos rever a execução da política pública e de mais eventos como esse”, finalizou.
O ErreJota Notícias conversou com a Arethuza Doria, conselheira de políticas culturais do Estado do Rio, que falou sobre a importância da sessão de hoje.
“Em tempos tão difíceis, onde no último ano houve um aumento de mais de 500% de ataque nos terreiro, então, a gente precisa se atentar, os líderes religiosos precisam pregar de fato a paz e o amor”, contou.
Arethuza, que também é realizadora do aplicativo IBGA (que dá vez e voz aos povos pretos), comentou sobre a ausência dos vereadores da cidade. “O evento desse ano, tá muito mais expressivo do que o ano passado, que eu também tive o ano passado, é necessário também dizer que sinto falta dos vereadores aqui presente, porque eu penso que como gestor público é necessário ele entender como que funciona a sociedade, como camadas sociais e culturais até pra que eles possam gestar de maneira mais ampla, plural e diversa, sobretudo respeitosa, né?”, comentou.
A líder pede que a cidade e a população evoluam também na questão da educação. “Então eu acho de extrema importância que se amplie cada vez mais essa discussão pra que a gente, pra que juntos São Gonçalo possa evoluir, né? Não só nos tijolos, mas na mente porque tudo começa educação, né? Então, a gente ensina a odiar, mas a gente também é capaz de ensinar a amar, né? E nós precisamos desconstruir essa cultura de ódio que nos foi posta como sociedade racista e preconceituosa”, finalizou.
*Estágiario sob a supervisão de Raquel Morais