Após assumir as linhas que eram de responsabilidade da viação Costa Leste, em 2017, os coletivos da Empresa Pública de Transportes (EPT), carinhosamente chamados de “Vermelhinhos” pela população, tem sido responsáveis por transportar 15 mil pessoas por dia, o que resulta em mais de quatro milhões de pessoas desde então. No entanto, o principal meio de transporte gratuito dos munícipes é alvo constante de depredações nos vidros, violação das alavancas de emergência ou o seu acionamento, ocasionando desestabilidade das janelas, entre outras avariações. Além do mais, foram detectados rasgos nos assentos, rabiscos ou até mesmo bancos destruídos. Segundo a coordenação da EPT, uma única cadeira danificada significa 12 passageiros a menos transportados, além de causar insegurança de bordo.
As constantes violações ocorridas no interior dos veículos resultam em uma série de problemas operacionais. A quebra de vidros, por exemplo, acarreta na retirada do coletivo de circulação e, se por ventura não tiver um ônibus substituto, pode prejudicar no atendimento. Nesses casos, há possibilidade de ocorrer a junção de duas rotas, gerando superlotação, insatisfação ou atraso nos trajetos.
Para melhor atender os usuários, a EPT conta com ajuda da população para cuidar do transporte público. Um exemplo é a a estudante do 9º ano do Ensino Médio, Julie Nascimento, de 14 anos, que já andou em alguns veículos danificados no seu interior. “Eu acho isso uma falta de respeito porque todo mundo usa. A pessoa fazendo isso está acabando com o que é dela também. Uma hora qualquer vamos precisar dos ônibus gratuitos e não vamos ter”, disse a aluna do Centro Educacional Joana Benedicta Rangel, no Centro. “Caso eu veja alguém fazendo isso eu vou chamar a atenção. Está acabando com uma coisa que é minha e de todo mundo”, completou.
Além de atrasos e lotação das linhas, esses danos resultam em gastos financeiros custeados pelos impostos pagos pelo próprio usuário. Uma única alavanca de emergência violada custa cerca de R$ 75; uma borracha de proteção do vidro da janela fica em torno de R$ 140; a troca de uma janela inteira custa em média R$ 500; um assento de ônibus fica por volta de R$ 200. Já o conserto de um letreiro digital custa em média R$ 700. Se um único veículo tiver a campainha destruída, vidro e para-brisas quebrados e estofado rasgado, o prejuízo financeiro pode chegar a R$ 3.000, sem contar a possibilidade de o ônibus ficar aproximadamente 10 dias inoperante.
INVESTIMENTOS
A fim de conscientizar a população sobre uma melhor utilização do transporte público, o presidente da EPT, Lourival Casula enfatizou a relevância dos veículos com Tarifa Zero no transporte público municipal. “Cada vez que um passageiro rasga um assento de um ônibus ele está depredando um patrimônio dele mesmo”, disse. “Queremos informar às pessoas que estamos reformando, colocando tudo em ordem para que o passageiro tenha realmente um transporte de excelência. Gostaríamos que ele fizesse o uso desse patrimônio que a prefeitura está oferecendo de graça, mas que tenha realmente um cuidado maior junto conosco e que evite depredar e destruir”, completou.
Algumas novidades estão por vir a fim de dar mais conforto e segurança para os passageiros. Uma delas é o processo inicial que já foi aberto para licitar a compra de mais 20 ônibus, com o objetivo de compor a frota dos 38 coletivos já existentes. Outros investimentos também acontecem no campo da segurança com a instalação de câmeras de monitoramento dentro dos veículos, e da tecnologia através do Aplicativo Vermelhinho – que permite o usuário acompanhar pelo telefone o itinerário dos veículos. Este último foi lançado no ano passado e está em fase de testes para aprimoramento. “Esse aplicativo já foi licitado, já tem uma empresa vencedora e só estamos terminando a formalidade legal para fazer a contratação. A empresa será responsável por colocar câmera em todos os ônibus e o aplicativo para que funcione no município todo”, acrescentou.
Com objetivo de trazer inovação para Maricá, a diretoria da EPT visitou uma garagem de uma empresa de ônibus a fim de aperfeiçoar a estrutura física e organizacional da autarquia para melhor atender o usuário. O novo projeto de reestruturação vai desde a simples uniformização dos funcionários, passando pela compra de novos pneus, troca de molas, pinos até obras de ampliação e estruturação da garagem.
Outra mudança que está para acontecer é a revisão do novo calendário de horários e de rotas dos ônibus. A ideia com isso é levar os “Tarifa Zero” a lugares que ainda não atendem e diminuir o tempo de espera entre um ônibus e outro. Atualmente, esse intervalo fica em torno de 40 minutos, podendo ser ainda maior em determinados lugares.
Além das atividades de rotina, os sete diretores da autarquia fazem um revezamento aos finais de semana para dar suporte aos funcionários que trabalham nos terminais rodoviários. “A função é colaborar para que funcione no sábado e domingo. Dessa forma, as pessoas percebem que tem uma pessoa de apoio ali. Caso aconteça algum imprevisto que o despachante não possa resolver, o diretor tem autonomia maior para solucionar com mais rapidez”, concluiu.