Dez mandados de prisão contra deputados estaduais estão sendo cumpridos na manhã desta quinta-feira (08/11) por agentes da Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal. Trata-se da Operação Furna da Onça, deflagrada para investigar a participação de deputados estaduais do Rio de Janeiro em esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos e mão de obra terceirizada, principalmente no Detran/RJ. Nessa operação, que é desdobramento da Operação Cadeia Velha, estão sendo cumpridos 22 mandados de prisão (19 temporárias e três preventivas, referentes aos réus da Cadeia Velha) e 47 de busca e apreensão, todos expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2° Região (TRF2). A decisão da expedição dos mandados foi unânime dentre os cinco desembargadores federais que compõem da 1a Seção.
Dez deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) tiveram a prisão decretada – André Correa (DEM), Chiquinho da Mangueira (PSC), Coronel Jairo (MDB), Luiz Martins (PDT), Marcelo Simão (PP), Marcos Abrahão (Avante) e Marcus Vinícius “Neskau” (PTB). Edson Albertassi (MDB), Jorge Picciani (MDB) e Paulo Melo (MDB), já presos, também tiveram a prisão pedida novamente. Todos são acusados de se aproveitarem a Alerj a serviço de interesses da organização criminosa do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), que em troca pagava propina mensal (“mensalinho”) durante seu segundo mandato (2011-14). De acordo com as investigações, a propina resultava do sobrepreço de contratos estaduais e federais. Além de Cabral, comandavam a organização investigada os ex-presidentes da Alerj Jorge Picciani e Paulo Melo, presos um ano atrás na Operação Cadeia Velha.
Outros agentes públicos também tiveram expedidos mandados em desfavor. Affonso Monnerat, secretário de governo, Leonardo Silva Jacob, presidente do Detran/RJ, e Vinícius Farah, ex-presidente do órgão e recém-eleito deputado federal pelo MDB, estão entre os presos.
As prisões foram fundamentadas com base em duas delações: do ex-operador do esquema Cabral Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, homologada pelo ministro Dias Toffoli, somada às provas colhidas nas delações dos doleiros Vinícius Claret, o Juca Bala, Cláudio Barbosa, o Tony. No sistema financeiro paralelo que a dupla operava, o ST, apareceram depósitos em nome de assessores dos parlamentares citados por Mirandas.
A operação foi batizada de Furna da Onça em alusão a uma pequena sala, nos fundos do plenário do Palácio Tiradentes, sede da Alerj, onde os deputados se reúnem para conversas reservadas antes e durante as votações. Trabalham na operação 48 equipes da PF e 35 membros do MPF na 2° Região (RJ/ES) e MPF/RJ.
*em atualização