Nesta quarta-feira (08/03), comemora-se o Dia Internacional das Mulheres, que teve origem no movimento operário e se tornou um evento anual reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Suas sementes foram plantadas em 1908, quando 15 mil mulheres marcharam pela cidade de Nova York exigindo a redução das jornadas de trabalho, salários melhores e direito ao voto. Um ano depois, o Partido Socialista da América declarou o primeiro Dia Nacional das Mulheres.
O dia é para celebrar os avanços das mulheres na sociedade, na política e na economia, enquanto suas raízes políticas significam que greves e protestos são organizados para aumentar a conscientização em relação à contínua desigualdade de gênero.
Entre as mulheres que estão sendo homenageadas no dia de hoje, estão as travestis e transexuais, que lutam todos os dias contra o cenário do país: preconceito, violência e crueldade contra esse grupo. De acordo com levantamento feito pela ONG Transgender Europe, o Brasil é o país que mais mata, em números absolutos, pessoas trans em todo o mundo. Além disso, dados da União Nacional LGBT apontam que a expectativa de vida de um transgênero no Brasil é de apenas 35 anos.
A redação do Errejota Notícias conversou com duas mulheres da comunidade trans para ouvir um pouco de suas respectivas histórias. E como suas falas representam um marco importante na luta por direitos.
A Gabriela Loran, primeira atriz trans em Malhação que morava em São Gonçalo, contou sobre o o processo de transição. “Para mim não existe um fim da transição, eu continuo em transição constantemente e continuarei até o fim da minha vida. A transição é eterna, assim, a Gabriela de ontem não é a mesma hoje e não vai ser a mesma de amanhã também. Eu comecei o meu processo de transição de gênero a cinco anos e sigo nesse processo, me entendendo e redescobrindo todos os dias”, contou.
Sobre o significado do Dia da Mulher para ela, Gabriela afirma que esse dia representa autoconhecimento, autodesenvolvimento e se encontrar. “É importante lembrar que o Dia das Mulheres não é só hoje mas sim todos os dias. E desde o momento que eu me entendi como mulher e que eu busquei minha ‘mulheridade’ dentro de mim mesma, eu sigo num processo de autodescoberta todos os dias. Pra mim não existe ‘mulher’ mas sim ‘mulheres’ no plural, porque somos diversas, plurais e temos as nossas subjetividades”, frisou.
A atriz frisou ainda que “a sororidade é importante para o processo de aquilombamento, de começar a olhar para as irmãs que estão do nosso lado e de seguirmos lutando juntas, porque juntas somos mais forte. E entender, também, que somos nós que movimentamos a sociedade. Como Angela Davis disse, ‘quando uma mulher se move, a sociedade se move junto com ela’ então é seguir com esperança, propósito e ideais de que tudo vai ser melhor um dia”, complementou Gabriela Loran.
De acordo com Thiaga Soares Tavares, moradora de São Geraldo, em Saquarema, e conhecida por alguns amigos como “Brenda”, o Dia das Mulheres representa uma mistura de sentimentos e, ao mesmo tempo, querer viver como ela nasceu para ser. “Essa data representa a força feminina que vive em mim e a mensagem que gostaria de deixar é para darmos suporte às mulheres negras e principalmente mulheres trans e travestis”, complementou Thiaga Soares.
*Estagiário sob a supervisão de Raquel Morais