Falta de energia, postes caídos e transformadores estourados. Nas últimas duas semanas essas situações se tornaram comuns para moradores de Maricá e Niterói. O excesso de calor aliado com as famosas ‘chuvas de verão’ viram um pesadelo e a falta de energia em alguns lugares ultrapassam as 48 horas.
Em São José do Imbassaí, a dona de casa Cintia Souza, 62 anos, ficou mais de 18 horas sem energia no último final de semana. “Estamos passando dias de muito calor e ficar sem poder beber água gelada e sem ligar o ventilador é sofrido. A falta de energia tem acontecido com frequência e eu acho que se a empresa não consegue dar conta da sua responsabilidader, já é hora de trocar”, contou.
Em Niterói o problema não é diferente. Na casa da artesã Aline Caldeira, 42 anos, tudo estava organizado para a família passar o carnaval, inclusive com compras para os dias de folia. “Eu adiantei alguns preparos e deixe comidas pré prontas. Comprei laticínios, iogurte, carne e muitas coisas”, explicou.
No dia 17/02 às 18h teve uma queda de energia, na Rua Arariboia, em São Francisco, e a energia voltou dia 19/02 às 6h. “Ligamos para a Enel e pegamos os protocolos. Eles ficaram mudando os prazos limites para o retorno da energia. Eles informaram que um tronco de árvore estava impedindo essa manutenção. Eu tive que driblar essa situação, abrir as janelas para tentar dormir e passar muito calor. A comida estragou toda. Foi um carnaval horrível”, contou.
O engenheiro eletricista Harry Paixão, explicou que a temperatura mais quente interfere no fornecimento de energia. “As condições climáticas como chuva forte e ventania, interferem no fornecimento de energia. As tempestades podem fechar curto em transformador e as chuvas prejudicam a transmissão de energia. Fechar curto é quando tem uma sobrecarga de corrente, e quando não aguenta ele libera energia na forma de calor, de clarão e de queda da energia”, comentou o especialista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
A advogada Renata Abalém, que é Diretora Jurídica do Instituto de Defesa do Consumidor e do Contribuinte (IDC), explicou que existem duas formas de indenização por parte da concessionária em caso de danos: material e moral. “O que a gente percebe é que a Enel não tem investido na manutenção das linhas de distribuição. Ela tem feito reparos pontuais e com essa ausência de renovação de cabos e estruturas, o consumidor está sendo cada vez mais prejudicado. A demanda interna do consumidor aumentou, até mesmo pelo trabalho de casa”, contou.
A especialista ainda frisou que é importante reunir todas as provas, incluindo protocolos, para tentar o reembolso dos produtos perdidos. “O consumidor tem que levar para assistência técnica e faz um orçamento e mostra para a empresa. A concessionária tem até 30 dias para responder esse consumidor sobre essa questão”, detalhou.
POSICIONAMENTO DA ENEL
A Enel Distribuição Rio esclarece que várias regiões na área de concessão da empresa, incluindo Niterói e Maricá, foram fortemente impactadas pelas tempestades dos últimos dias. A distribuidora reforçou em até 10 vezes o número de equipes em campo para reduzir os efeitos do clima adverso sobre a rede elétrica. A Enel Rio contabilizou mais de 1.600 ocorrências decorrentes de árvores tombadas e galhos e mais de mil por descargas atmosféricas. A queda das árvores ocasionou danos em mais de 200 postes da companhia. Nesses casos, a Enel Rio trabalha em parceria com o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil, que atuam na remoção das árvores para que os técnicos da companhia possam iniciar a reconstrução da rede.
INVESTIMENTO
A distribuidora acrescenta que tem investido fortemente na modernização, automação e ampliação da capacidade da rede elétrica nos 66 municípios atendidos pela empresa, com foco na melhoria contínua da qualidade do serviço prestado aos clientes. Nos últimos cinco anos, a empresa investiu mais de R$ 4,3 bilhões em sua área de concessão, dos quais cerca de R$ 1 bilhão foi aplicado apenas nos primeiros nove meses de 2022.