Está chegando a hora da União de Maricá pisar na avenida para buscar o tão sonhado acesso para a Marquês de Sapucaí. Com 680 componentes e 18 alas, a agremiação vai apresentar o enredo “Eu sigo Nordestino”, de autoria do carnavalesco Renato Figueiredo.
O ErreJota Notícias conversou com o carnavalesco, que falou sobre a expectativa com o desfile, sobre as mudanças para 2023 e deu detalhes de como a escola vai apresentar o Nordeste. Renato ainda comparou o formato do enredo da vermelho, ouro, branco e azul de Maricá com o da Imperatriz Leopoldinense, campeã do Grupo Especial.
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ERREJOTA NOTÍCIAS: Como está a expectativa para o desfile amanhã?
RENATO FIGUEIREDO, CARNAVALESCO DA UNIÃO DE MARICÁ: A gente tentou trazer um enredo que desse continuidade à alegria do ano passado. O pessoal abraçou e teve orgulho da escola, e escolhi trazer uma temática que continuasse a transmitir essa felicidade. Eu já queria fazer algo relacionado ao Nordeste por ser um enredo leve, brincante, de forma a proporcionar uma plástica muito rica, com muitas cores. Dá pra brincar bastante a parte plástica e com os componentes brincando bastante no chão da avenida. A expectativa é a melhor possível em relação ao ano passado. As fantasias estão praticamente todas prontas, as alegorias também. O tripé da Comissão de Frente está lindo e vai ser o maior tripé que já passou na Intendente Magalhães.
ERREJOTA NOTÍCIAS: Ano passado a escola bateu na trave. O que mudou do desfile de 2022 para o desse ano?
RENATO FIGUEIREDO: No ano passado a gente teve algumas correrias que geraram um certo transtorno no finalzinho. Foi o primeiro carnaval pós-pandemia, tivemos dificuldades de encontrar alguns materiais, e esse ano foi mais tranquilo.
Também pensamos em uma logística melhor para não sofrer tanto, mas é lógico que sofre, não tem jeito. Todo carnaval tem aquela adrenalina, aquelas noites sem dormir para tentar organizar tudo, mas a expectativa é a melhor possível. O samba é muito forte, o enredo é muito forte, a gente está bem ensaiado em todos os setores… Acredito que esse ano, se nada correr fora do planejado no nosso desfile, a gente consegue o tão sonhado acesso à Sapucaí.
ERREJOTA NOTÍCIAS: No Grupo Especial, a Imperatriz foi campeã com um enredo nordestino, falando de Lampião. Na Série Ouro, a Porto da Pedra falou sobre a Amazônia, trazendo o Norte do Brasil. Você acha que na Série Prata também teremos essa tendência de um enredo falando do Norte/Nordeste se sobressaindo?
RENATO FIGUEIREDO: A gente espera que sim, estamos torcendo para que seja [risos]. A gente está fazendo um papel de mostrar a cultura do Brasil como um todo. E de forma complexa. Estamos defendendo uma tese do porquê mostrar essas regiões. A Porto da Pedra veio com um enredo maravilhoso sobre o redescobrimento da Amazônia, a Imperatriz trouxe uma história maravilhosa do Lampião retratada pelo Leandro Vieira – meu colega de faculdade e grande amigo – e a gente está muito parecido. Ele fez em formato de cordel e eu também fiz (e não foi combinado).

O enredo da União de Maricá é praticamente uma leitura de cordel sendo aberta na avenida e a gente vai contando a história como se fosse um cordel. Inclusive na plástica vai ser bem concebido isso. O cordel tem a xilogravura, que é muito preto e branco. Eu começo o meu cordel desfilante bem monocromático, como se fosse uma xilogravura na capa do cordel. Depois, vou contando as histórias e vou colorindo e chegando ao Movimento Armorial do grande Ariano Suassuna, que tentava de todas as formas defender a cultura popular brasileira colocando-a no mesmo patamar da cultura erudita europeia ou de qualquer lugar que fosse.
Começo o desfile com a xilogravura de J. Borges, termino com o Movimento Armonial de Ariano Suassuna e no meio termo tem a parte social, em que falamos do patrono da educação Paulo Freire, falo de Margarida Alves (uma ruralista assassinada lutando pelas mulheres rurais e líder sindical) na Ala das Baianas, falo do Mestre Vitalino… Eu cito alguns personagens nordestinos importantes e que fazem parte da história do Brasil. Eu digo que ‘enredar o Nordeste é exaltar o Brasil’. Não tem que haver divisão. O Nordeste é um todo, assim como o Brasil é um todo. Somos Maricá, mas seguimos Nordestinos.
ERREJOTA NOTÍCIAS: Esse ano o desfile não acontece literalmente na Estrada Intendente Magalhães, mas sim na Av. Ernani Cardoso. A justificativa da Prefeitura do Rio fala em mais espaço para alegorias maiores e mais componentes. A União de Maricá se beneficia com a mudança?
RENATO FIGUEIREDO: A Prefeitura do Rio vendeu esse discurso, mas não é verdade. Quando a gente recebeu a planta baixa, a largura da pista é a mesma da Intendente Magalhães. O espaço extra foi aproveitado para fazer as frisas, os camarotes, que ficaram muito bonitos e transformou o local em, de fato, uma arena para carnaval. Na Intendente, eles colocavam aquela arquibancadazinha do lado e o pessoal desfilava ali. Agora, na Ernani Cardoso, tem espaço para se montar uma estrutura para se tornar uma arena para o desfile.
Em relação às medidas de pista, é exatamente a mesma da Intendente Magalhães. A medida máxima dos carros alegóricos segue de 7 metros de largura por 4 metros de altura e as alegorias da União de Maricá seguem com 5,5 m (L) x 4 m (A). A estrutura do carro é a mesma do ano passado.