As principais entidades que representam o comércio, os serviços e a indústria do Leste Fluminense divulgaram uma nota técnica conjunta expressando repúdio e forte preocupação com a decisão do poder público estadual e de prefeituras da região de decretar ponto facultativo, na última quarta-feira (17), por causa de um evento esportivo, sem qualquer consulta prévia aos setores produtivos.
No documento, as entidades destacam que, embora a medida seja apresentada oficialmente como pontual e excepcional, seus impactos recaem diretamente sobre quem gera empregos, mantém empresas em funcionamento e sustenta a arrecadação pública. Longe de ter caráter simbólico, a decisão é classificada como uma escolha política que impõe custos adicionais a um setor já pressionado por elevada carga tributária, insegurança jurídica, instabilidade regulatória e ausência de previsibilidade.
A manifestação ganha ainda mais peso por ocorrer em um dos momentos mais sensíveis do calendário econômico: o período que antecede o Natal. Tradicionalmente, essas semanas concentram o maior volume de vendas do ano e são determinantes para o equilíbrio financeiro de micro, pequenos e médios empresários, além da preservação de postos de trabalho.
O presidente da Associação Comercial e Industrial do Estado do Rio de Janeiro (ACIERJ), Igor Baldez, afirmou que o cerne da questão não está no esporte ou no lazer, mas na completa ausência de diálogo institucional com os representantes do setor produtivo.
“O que causa indignação não é o evento esportivo em si, mas a falta de comunicação com as entidades que representam o comércio e a indústria. Decretar ponto facultativo sem ouvir quem produz, especialmente em plena temporada de vendas de Natal, revela um distanciamento preocupante da realidade econômica”, declarou Baldez.
Segundo ele, os efeitos desse tipo de decisão vão muito além de um único dia. Para grande parte do comércio, sobretudo os pequenos lojistas, cada dia perdido nesse período significa vendas que não serão recuperadas, afetando diretamente o pagamento de salários, fornecedores e tributos. “Mais uma vez, o setor produtivo acaba sendo tratado como variável de ajuste”, acrescentou.
A nota técnica reforça que o setor produtivo brasileiro já opera no limite, enfrentando uma das maiores cargas tributárias do mundo, altos custos trabalhistas, baixa produtividade da mão de obra e decisões improvisadas que ampliam a insegurança do ambiente de negócios. Nesse contexto, interromper ou reduzir atividades em datas estratégicas representa perda direta de faturamento e competitividade.
As entidades signatárias deixam claro que não são contrárias à realização de grandes eventos esportivos ou culturais. O que se critica é a lógica de paralisar o país sem planejamento adequado, transferindo os custos para quem trabalha, produz e emprega. O documento defende políticas públicas baseadas em previsibilidade, diálogo e respeito ao papel estratégico do comércio, dos serviços e da indústria no desenvolvimento econômico regional.
Ao final, a nota é enfática ao afirmar que não há arrecadação sem produção, não existe emprego sem empresas e não há desenvolvimento sustentável sem planejamento e responsabilidade. O setor produtivo do Leste Fluminense afirma estar aberto ao diálogo, mas ressalta que não aceitará passivamente decisões que agravem ainda mais o estrangulamento econômico — especialmente em um momento decisivo como o período natalino.
Confira a nota na íntegra:



















