Nesta segunda-feira (06/02), o Aeroporto de Maricá (SBMI), administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), começou um trabalho específico de manejo de fauna, realizado, diariamente, por uma equipe especializada. Além do manejo das aves, a equipe também está atenda atenta à presença de capivaras, jacarés e cachorros domésticos.
O objetivo desse trabalho é elaborar e implantar protocolos que ajudem a diminuir riscos de colisões de aeronaves com aves e outros animais. O serviço de manejo de fauna do SBMI teve início em 2018, quando os biólogos Christiano Pinheiro e Edicarlos Pralon, membros do Instituto Senai de Tecnologia Química e Meio Ambiente, fizeram um estudo de fauna no local (Identificação do Perigo da Fauna – IPF).
Nessa pesquisa, foram identificadas aproximadamente 135 espécies presentes no raio de 20 quilômetros do aeroporto, que abrange, além de Maricá, cidades vizinhas como Niterói, São Gonçalo, Saquarema e Itaboraí.
Segundo a diretora de Operações do Aeroporto de Maricá, Marta Magge, “diversas condições presentes no aeroporto e seu entorno podem favorecer a presença de fauna que, por sua vez, aumenta a probabilidade de sua interação com aeronaves. As colisões entre aves e aeronaves são as que mais representam risco à segurança da Aviação Civil. Para reduzir os riscos dessas colisões é necessário a execução de ações de manejo de fauna, implementação e monitoramento de medidas mitigadoras e preventivas com relação ao risco da fauna no aeroporto”.
Entre as aves detectadas no estudo feito no Aeroporto de Maricá, estão a Tesourão, Urubu-de-cabeça-preta, Carcará e Biguá. Essas espécies, juntas, representam 66% de riscos de danos a aeronaves, segundo o Ranking Brasileiro de Severidade Relativa de Espécies de Fauna, publicado em 2016, pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
De acordo com o coordenador de Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional (SGSO) do Aeroporto de Maricá, Frederico Ferreira, “aqui, temos uma dificuldade um pouco maior do que em outros aeroportos, devido às características do lugar, que é cercado por rios e lagoas que atraem a fauna. Os animais frequentam ambientes onde têm oferta de abrigo, comida e água. Se tiver as três coisas, estarão presentes.
Por isso, antes da chegada da equipe especializada para realizar o trabalho diariamente, já estávamos efetuando algumas medidas como o corte de grama da área, a limpeza do córrego, retirada das carcaças de animais mortos e monitoramento. Quando necessário, afugentamos os animais, ou seja, a nossa equipe espantava os bichos com o veículo de Posto de Coordenação Móvel (PCM) para garantir a segurança dos voos no aeroporto”, pontua Frederico.
O biólogo Christiano Pinheiro acrescenta que o trabalho de manejo de fauna realizado por especialistas e pesquisadores da área ajuda a garantir que o serviço seja feito da forma correta, pensando também na proteção e cuidado com as espécies. Para isso, o grupo trabalha técnicas de captura e manejo que são previstas nas normativas federais, estaduais, municipais e da Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária (CNSPV).
Por fim, o biólogo especialista em gerenciamento do risco da fauna e membro da equipe de manejo de fauna do Aeroporto de Maricá, Edicarlos Pralon, afirma que essa análise é importante, pois cada aeroporto tem uma realidade diferente.
“Você pode passar 20 anos em um aeroporto gigante, a nível nacional, achar que sabe tudo e chegar aqui e ter que começar do zero. Por isso, propostas que servem pra um, não vão servir, necessariamente, para outro. Dessa forma, é necessário fazer o estudo e, a partir daí, criar protocolos específicos”, garante Edicarlos.
*Estagiário sob a supervisão de Raquel Morais