Pesquisadores da Coppe/UFRJ realizaram um estudo e encaminharam à Secretaria de Estado de Transportes do Rio de Janeiro (Setrans), com o intuito de contribuir para redução do contágio e da letalidade da Covid-19, tendo em vista a perspectiva de retomada das atividades econômicas.
Entre as recomendações, está a necessidade de incentivos aos deslocamentos a pé ou por bicicleta bem como o aumento da frota de ônibus e barcas em circulação e redução dos intervalos de trens e metrô.
O estudo do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe teve como premissa a garantia da saúde e segurança física dos cidadãos e trabalhadores, aprimorando as ações de distanciamento social e higienização dos ambientes, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outras instituições da área.
Os pesquisadores mostraram que será necessária uma adequação no ambiente físico dos principais veículos de média e alta capacidade, bem como a valorização da mobilidade ativa como uma alternativa eficiente, segura e resiliente para estes momentos. Eles entendem que tais medidas também sejam permanentes.
Como parte do estudo, os pesquisadores analisaram várias medidas adotadas no mundo para enfrentar esse problema, a partir boas práticas na mobilidade e de proteção. Eles verificaram que entre as mais utilizadas nas principais cidades estão a implementação de ciclovias e ciclofaixas emergenciais, melhoria dos cruzamentos em eixos mais movimentados, incluindo automação de sinais para pedestres – que antes eram por acionamento manual, redução de áreas na via destinada a veículos, com o intuito de aumentar áreas para pedestres, e também a suspensão de tarifas no transporte público para todos ou para alguns segmentos específicos da sociedade.
O professor Romulo Orrico diz que é fato concreto que os veículos de transporte público estão entre os locais de maior potencial de transmissão da Covid-19. Por isso, considera fundamental que haja uma articulação governamental, de forma que secretários de transporte do estado do Rio e das prefeituras tenham como orientar os dirigentes dos operadores de transportes.
Para ser uma ideia, a estimava é que, diariamente, mais de 1,4 milhão de pessoas se desloquem entre municípios, por ônibus e vans. Só no pico da manhã, de 7h às 8h, 543 mil passageiros são transportados por ônibus intermunicipais. Por isso, o professor da Coppe defende ações rápidas de forma integrada, como ocorreu em países como Alemanha, França e Coreia do Sul, que dependem de forte articulação horizontal, entre as diversas secretarias, e vertical, entre os municípios e o estado.