Após recusarem a proposta patronal de redução de salários e benefícios, a categoria dos rodoviários pode parar nos próximos dias. A maioria dos profissionais optou pela greve e, apesar de mais uma assembleia ser realizada na tarde desta quarta (19), não há como reverter o placar de 1.724 favoráveis à greve contra 177 contrários à greve.
A paralisação, caso consolidada, atingirá as cidades de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores dos Trasportes Rodoviários de Passageiros de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), pelo menos 2 mil trabalhadores foram demitidos e, desde 31/07, a categoria não recebe mais o auxílio emergencial do Governo Federal, que compunha 70% dos salários.
Uma reunião por videoconferência foi marcada com o Ministério Público do Trabalho às 10h da próxima quinta (20). Só a partir daí o documento que consolidará ou não a greve será encaminhado para as empresas.
“A lenta retomada das atividades econômicas, de lazer e de educação, provocada pela pandemia, é o argumento dos empresários de que não terão como arcar com suas folhas de pagamentos e que serão obrigados a demitir os rodoviários. Isso, sem dúvida, define um quadro de paralisação no setor de transporte por ônibus em nossa região. As companhias afirmam que têm atualmente um excedente de 25% de mão-de-obra”, alerta o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira.
A proposta patronal atual é de pagamento de 50% dos salários e redução no valor da cesta básica, que passaria de R$ 280 para R$ 120. Os rodoviários querem a manutenção do Acordo Coletivo, que vigora até 1º de novembro, com salário, férias e 13º integrais, além de todos os benefícios e estabilidade no emprego por três meses.
Outra questão, que será levada pelo Sintronac ao MPT e às prefeituras, é relativa à superlotação dos ônibus, consequência da redução da frota em circulação. Os guardas municipais estão responsabilizando os motoristas pelo grande número de passageiros nos coletivos.
“Não cabe aos motoristas a fiscalização do número de passageiros nos ônibus. O que interessa aos rodoviários é mais coletivos circulando, pois isso significa mais empregos e salários. Mas a fiscalização do número de passageiros quem deve fazer é o poder público e não os trabalhadores rodoviários, que não têm autoridade para tirar ninguém do transporte público e ainda podem sofrer represálias por isso”, destaca Rubens.