Um grupo de moradores do bairro do Barreto, na Zona Norte de Niterói, criou um abaixo-assinado na internet para tentar salvar o clube Combinado 5 de Julho, que existe há 96 anos no bairro e está na iminência de fechar, devido a uma grave crise financeira. Para piorar, o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, determinou o fechamento do estabelecimento, por causa de dívidas trabalhistas que chegam a R$ 6 milhões.
Até o momento, o abaixo-assinado já reuniu 1.797 assinaturas. Nas redes sociais, a lista vem acompanhada de um texto intitulado “Clube 5 de Julho: Refúgio de Memórias e Sonhos”, assiado pela diretoria do Combinado. Eis um trecho:
“No coração do Barreto, ergue-se um lugar onde as risadas ecoam como hinos da alegria, onde os sonhos encontram asas para voar e onde as histórias se entrelaçam para formar o tecido vivo de uma comunidade. Por anos a fio, o nosso amado clube tem sido o palco onde a vida se desenrola em partidas memoráveis, laços fraternos e lembranças que resistem bravamente ao tempo.
Entretanto, o vento trouxe consigo um capítulo sombrio para esta história tão rica em significado. As dificuldades financeiras lançaram sombras sobre nosso querido clube, levando-o ao leilão e agora às mãos de uma empresa distante de nossa essência, a empresa Tubarão. Mas, enquanto as nuvens carregadas pairam no horizonte, erguemo-nos com a determinação de mil guerreiros para resgatar o que é nosso por direito.
(…) Apelamos a cada um de vocês, corações generosos, para unir-se a nós nesta jornada de resgate. Vamos erguer nossas vozes em uníssono, assinar cada petição como uma declaração de amor ao que é nosso, buscar apoio e mobilização para proteger o que nos é tão caro. Juntos, somos a força capaz de reverter esse quadro, transformando a tempestade em calmaria e restaurando a luz que sempre brilhou sobre o Clube 5 de Julho.”
Moradores contam a sua relação com o 5 de Julho e lamentam o desfecho. “O 5 Julho é um patrimônio do Barreto e da comunidade. Crescemos juntos, e triste saber que irá acabar caso já a leilão”, disse Jacyr França. “O Combinado 5 de Julho foi palco de grandes decisões e recebeu grandes jogadores profissionais”, lembrou Francisco de Assis.
Segundo a atual diretoria, comandada pelo presidente Antônio Carlos de Oliveira, o endividamento se deu em gestões anteriores. O processo judicial começou em 2012, quando o débito era de R$ 37 mil. Foi feito um acordo, que não foi cumprido pelas gestões na época. Com o tempo, a dívida aumentou e em 2020 houve um leilão, e o local foi arrematado pelo supermercado atacadista Tubarão.
Segundo o TRT, o prédio onde fica o clube já foi penhorado para pagamento de dívidas trabalhistas e não cabe mais recursos em nenhuma instância judicial.
As redes sociais do clube não mencionam a crise. A mais recente postagem, de julho, lembra aos associados da taxa de manutenção, no valor de R$ 65, para pagamentos de despesas do local e melhorias.