Mãe do mar, mãe de todos os filhos, protetora das crianças, divindade protetora da pesca. No dia 2 de fevereiro é comemorado o Dia de Iemanjá. As homenagens e pedidos acontecem com bastante frequência no fim e início de ano. No dia 31 de dezembro, milhares de pessoas em todo o país lançam ao mar seus pedidos para a divindade da religião de matriz africana.
O ErreJota Notícias foi até uma das casas mais tradicionais de artigos religiosos de Niterói e São Gonçalo, a ‘Esquina da Macumba’. O gerente da loja, Pablo Vinícius, trabalha há 9 anos na loja e disse que essa época do ano é uma das mais movimentadas, mesmo perdendo o antigo movimento devido a pandemia da Covid-19.
“Aqui dava mais de 300 clientes por dia. Fim de ano e nesta data aqui ficava lotado. Saia muito barco, vela, kits, fitas e imagens. Infelizmente a pandemia fez com que o movimento caísse, pois perdemos muitos zeladores de santo, os terreiros fecharam e muitas pessoas também ficaram com medo de sair de casa”, disse.
O gerente disse que, mesmo com a pandemia, o delivery saia bastante. “A matriz funcionou durante toda a pandemia via delivery. A fé é forte, então mantivemos nossas vendas.
A caixa, Patrícia Souza, disse que a fé das pessoas está cada vez mais forte e os pedidos para Iemanjá permanecem. “Iemanjá é mãe de todas as cabeças. Muitas mulheres pedem filhos, saúde, trabalho e muitas pessoas -por conta das condições financeiras- pedem prosperidade. A fé permanece da mesma forma e sempre forte em todos os fiéis”, expressou.
A Patrícia disse que o kit é o mesmo de sempre, mas varia de pessoa para pessoa querer agradar a mãe do mar de uma forma diferente. “Muitas pessoas colocam um perfume, uma bijuteria linda… Afinal, é uma mulher né?!”, disse.
Patrícia, Pablo e os demais funcionários pedem saúde para a rainha do mar, já que, segundo eles, com saúde tudo se conquista. “Queremos saúde, de resto nós vamos atrás para buscar. Proteção, saúde sempre e vigor”, comentou.
A Rainha do Mar; Iemanjá!
Iemanjá é mãe de todos. Segundo a lenda, com o casamento do céu (Obatalá) e da terra (Odudua), nasceu Iemanjá e seu irmão Aganju. Através da união dos dois, nasceram os primeiros orixás a habitarem a terra.
Segundo a história contada, um dos seus filho, o Orungã, nutria uma paixão desmedida pela própria mãe, representando na mitologia africana uma posição semelhante a que Édipo Rei ocupa na mitologia clássica. Certo dia, não suportando o próprio desejo, ele aproveitou da ausência de seu pai e tentou violentar Iemanjá. Resistindo bravamente às investidas, ela correu para que a tragédia não fosse consumada. Ao longo da corrida, acabou caindo e falecendo em decorrência do tombo que sofreu.
O corpo moribundo acabou se inchando até dar origem a um grande manancial de águas que brotaram de seus seios. Do seu ventre saíram vários outros orixás que são colocados como seus filhos. Entre tantos poderíamos citar Xangô, o deus do trovão; Ogum, deus do ferro e das guerras; Oiá, deusa do rio Níger; Oxóssi, o deus dos caçadores; e Omolu, o deus das doenças. Sendo assim, Iemanjá ocupa o lugar central de divindade originária de outros importantes deuses.
*Estagiário sob supervisão de Lucas Nunes*