O quarto distrito de Maricá liderou, em 2020, o número de chamadas à Linha Verde, ferramenta do Disque Denúncia para crimes relacionados ao meio ambiente. Dados obtidos pelo ErreJota Notícias apontam que Itaipuaçu foi responsável por mais de 30% das ligações.
Para o ambientalista e Coordenador da Comissão de Saneamento Ambiental da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) Gerhard Sardo, pode haver uma relação entre o local das chamadas e dos crimes cometidos. “Itaipuaçu tem tido um crescimento exponencial nos últimos 15 anos, onde grande parte dos novos moradores tem vindo de Niterói, São Gonçalo e cidades da Baixada Fluminense. Quase sempre, têm demonstrado práticas pouco civilizatórias no quesito respeito ao meio ambiente”, pontuou.
Gerhard pontuou, ainda, as práticas mais vistas no distrito. “Facilmente identificamos a caça de animais silvestres, desmatamentos, queimadas (por queima de lixo e balões), construções ilegais em áreas de floresta e em margem de rios e canais e despejo de esgoto in natura corpos hídricos e galerias de águas pluviais. Assistimos uma invasão em Itaipuaçu de pessoas sem o hábito de convívio com a natureza”, lamentou.
Em todo o estado, Maricá ficou em sétimo lugar no ranking de denúncias à Linha Verde. O crime mais denunciado na cidade durante o ano de 2020 foi o de Desmatamento Florestal, com 102 chamadas. Outro delito relacionado a desmatamento é o de Extração Irregular de Árvores, que aparece em quarto lugar na lista, com 60 denúncias.
“O desmatamento em áreas urbanas consolidadas se dá pelo ‘efeito formiga’, onde a supressão da vegetação ocorre de forma pontual e não em grandes proporções, como estamos acostumados a ver na Amazônia ou no Pantanal. Em Maricá não dispomos de uma preocupação, por exemplo, com o manejo ecológico das unidades de conservação municipais, o que, inevitavelmente, corrobora com essas práticas criminosas”, explicou o ambientalista.
O segundo lugar no ranking de denúncias de crimes ambientais é o de Poluição do Ar. Dentre as práticas relacionadas a esse delito, está o de Queimadas (36 chamadas), como pontuou Gerhard. “A prática de queima do lixo gera emissão de partículas tóxicas, prejudicando o bem estar da população local, e coloca sob risco áreas verdes, sujeitando-as a queimadas”, disse.
Pandemia – O número de denúncias aumentou nos meses após o início da pandemia do novo Coronavírus. Entre o primeiro e o segundo trimestres do ano passado, houve um aumento de 46% no número de denúncias.
O maior número de chamadas à Linha Verde foi realizada no terceiro trimestre do ano, quando foram realizadas 163 denúncias ao programa. Julho foi o mês que registrou o maior número de ligações (60).
