Foi lançado na manhã desta quinta-feira (26) o programa ’Lagoa Viva’ que atuará progressivamente provocando o equilíbrio do ecossistema da região, eliminando mau cheiro e turbidez das águas das lagoas da cidade. A técnica de saneamento alternativo natural, sem química, tem como objetivo a revitalização das águas.
Serão aplicadas nas lagoas os bioinsumos que são produzidos na Biofábrica, localizado no bairro de São José do Imbassaí, que foi construída pela prefeitura para realizar todo o processo da pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF). Compostos por um conjunto de microrganismos vivos, eles serão lançados nas lagoas para “orquestrar” e organizar os microrganismos já existentes no sistema lagunar. Em formato de bolas sólidas ou em líquido, eles destroem os resíduos (lixo orgânico) nas lagoas.
A tecnologia é à base de bioinsumos (microrganismos vivos), sem química, sem quaisquer efeitos danosos ao ecossistema nem às pessoas.
Nesta quinta-feira (26) o prefeito da cidade, Fabiano Horta, acompanhado de alunos de escolas municipais, realizaram o lançamento dos insumos na Lagoa de Itapeba, em outro ponto foram lançados os insumos líquidos.
O prefeito destacou ainda a importância do programa ‘Lagoa Viva’, podendo tornar as lagoas da cidade ainda mais atrativas.
“Hoje é um dia muito significativo, que tem como objetivo central de harmonizar os recusrsos hidricos da cidade dos rios e lagoas, dando a eles o elemento da vida, que é um anseio nosso enquanto de desejo de vivência na terra. Esse é um desejo de futuro coletivo, para que tenhamos embrionariamente em Maricá a cidade ambientalmente harmonizada”, disse.
De acordo com a Prefeitura de Maricá, a primeira lagoa a receber os insumos será Araçatiba, a maior da cidade, onde são esperados efeitos transformadores e visíveis, como a renovação do ecossistema, a eliminação do mau cheiro e a limpidez da água.
O método da Universidade Federal Fluminense (UFF) foi desenvolvido a partir de know-how japonês, com adaptação inovadora para Maricá, a partir da parceria firmada com a Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar).
O presidente da Codemar, Olavo Noleto, ressaltou que as lagoas são todas interligadas e o tratamento acaba se tornando global.
“Os bioinsumos são desenvolvidos e ativados na Biofábrica e depois levados para as lagoas de forma líquida e sólida, a lagoa começa a se tratar.. Nesse convênio ainda temos um outro eixo de trabalho e desenvolvimento na cidade, que é a criação do camarão e tilápia”, contou Olavo.
Como funciona o processo
O ecossistema local reúne uma parte de microorganismos bons, uma parte de nocivos e outra de neutros. Os bioinsumos vão potencializar os microorganismos neutros, ‘treinando-os’ para que trabalhem com os positivos, resultando na revitalização progressiva do ecossistema.
Os dejetos das lagoas serão, então, transformados em novos resíduos, e estes servirão de alimento para peixes, camarões e pássaros, reativando a cadeia local.
Pesquisador da UFF: rios vão virar estações de tratamento
O coordenador do programa Lagoa Viva pela UFF, o pesquisador Estefan Monteiro da Fonseca, especialista em geoquímica ambiental, explica que, até chegar à lagoa, as águas dos rios já serão tratadas.
“O que vamos fazer é transformar os rios em estações de tratamento. Para isso, usamos pequenas matrizes, em formato de bolas ou tijolinhos de lama, mais o melaço, que não estraga, e os microrganismos. Esses microrganismos estão ‘dormindo’, e em contato com o melaço ‘acordam’ (o que chamam tecnicamente de “ativação”) e começam a “trabalhar”, diz, destacando o processo inteiramente sem química.
“Lançamos as bolas repletas de microrganismos na lagoa e, a partir daí, sempre que a água com esgoto ou dejetos passar pelo rio, já levará esses microorganismos para a lagoa. Portanto, ao longo do ciclo, os rios já serão tratados e, chegando à lagoa, haverá uma autodepuração”.
Durante todo o tempo de estudo, os pesquisadores da universidade analisaram o bioma local e desenvolveram diferentes cenários para os lançamentos dos microrganismos, sejam para os períodos pós-chuva, pré-chuva e para tratamentos de choque que venham a ser necessários. É um modelo calibrado para as condições encontradas em Maricá, para oferecer as respostas mais eficientes e sustentáveis.