A líder da oposição venezuelana María Corina Machado foi anunciada, nesta sexta-feira (10), como vencedora do Prêmio Nobel da Paz 2025. O Comitê Norueguês do Nobel reconheceu seus “esforços persistentes em favor da restauração pacífica da democracia e dos direitos humanos na Venezuela”.
O prêmio, anunciado em Oslo, é acompanhado de 11 milhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 6,2 milhões). Machado é a 20ª mulher a receber o Nobel da Paz.
Símbolo da resistência democrática
María Corina vive escondida na Venezuela desde que contestou o resultado das eleições presidenciais de 2024, marcadas por denúncias de fraude que garantiram a reeleição de Nicolás Maduro. Impedida de concorrer, ela se tornou símbolo da resistência democrática no país.
Segundo o Comitê Norueguês, Machado representa “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil da América Latina nos últimos tempos”. O comunicado também afirma que “a democracia é condição prévia para a paz duradoura”.
Da repressão ao reconhecimento mundial
A líder opositora foi brevemente presa em 2024 e teve seus direitos políticos cassados, mas seguiu atuando na clandestinidade. Fundadora do movimento Súmate, criado há 20 anos para fiscalizar eleições, Machado ajudou a organizar campanhas cívicas e mobilizações por eleições livres.
“Ela manteve-se no país, mesmo sob grave risco, inspirando milhões de pessoas”, destacou o comitê.
O texto ressalta ainda que seus esforços foram “inovadores, corajosos, pacíficos e democráticos”, e que “os instrumentos da democracia são também os da paz”.
Um prêmio com impacto político
O reconhecimento a María Corina Machado é visto como um duro golpe político para o regime de Nicolás Maduro, segundo analistas. A Venezuela vive grave crise humanitária e econômica, com mais de 8 milhões de pessoas forçadas a deixar o país.
O comentarista Ariel Palacios, da GloboNews, afirmou que o prêmio aumenta a pressão internacional sobre Caracas e fortalece a oposição em sua busca por uma transição pacífica para a democracia.
Quem é María Corina Machado
Nascida em 1967, na Venezuela, María Corina é engenheira e empresária, e iniciou sua trajetória política com foco em transparência eleitoral e direitos civis. Em 2023, teve sua candidatura presidencial barrada pelo regime e, em 2024, apoiou o opositor Edmundo González Urrutia, cuja vitória foi contestada pelo governo.
“María Corina Machado mantém acesa a chama da democracia em meio à escuridão crescente”, afirmou o texto oficial da premiação.