Uma conversa profunda com a sociedade brasileira através das novas linguagens. Diálogos mediados por experiências sensoriais únicas usando instalações artísticas, vídeos, funk, rap, trap e outras músicas, além de slam e poesia. Tudo a partir da obra de um dos maiores antropólogos, sociólogos e educadores do Brasil. Esse é o Museu Casa Darcy Ribeiro, inaugurado nesta quarta-feira, 19, na Praia de Cordeirinho, em Maricá, onde o pensador viveu e escreveu sua maior obra: “O Povo Brasileiro.
O imóvel, uma casa projetada por Oscar Niemeyer a pedido de Darcy com arquitetura inspirada em ocas de povos indígenas que vivem no Xingu, recebeu obras interativas que conversam com o trabalho do autor destrinchando a formação da civilização brasileira.
A curadoria e o projeto do museu são assinados pelo artista Gringo Cardia. A iniciativa é da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar).

Há dois cinemas, sala de karaokê e outros espaços interativos. Enquanto o karaokê coloca fundos temáticos e envia o vídeo gravado diretamente para o e-mail do visitante, uma outra sala convida as pessoas a dançar: quanto mais gente dançando e mais movimentação na pista, mais as luzes também entram no ritmo.
Há salas mais contemplativas, como o cinema com espelhos infinitos, um mergulho profundo na obra do pesquisador. Acervo da vida íntima do sociólogo, como a escrivaninha que usava e o seu fardão da Academia Brasileira de Letras estão em exposição.

Além dos espaços interativos, o Museu Casa Darcy Ribeiro tem um estúdio de podcast de uso gratuito e público mediante agendamento, biblioteca, auditório, café e espaços de vídeos para visualização do acervo, que incluem imagens históricas do pesquisador e depoimentos contemporâneos de quem conviveu com Darcy, se inspira nele e pensa uma sociedade mais justa.
Dimensão
“A gente tem aqui a vivência de um brasileiro que era um grande cidadão do mundo. Alguém que pensava toda a dimensão da identidade do povo brasileiro.
Esse museu carrega um legado muito forte de busca do nosso significado enquanto sociedade brasileira e civilização”, destacou o prefeito de Maricá, Fabiano Horta.

Para o presidente da Codemar, Hamilton Lacerda, o museu casa é mais que uma obra.
“Nós estamos abrindo a casa para toda a população. Um museu que conta a história, demonstra qual foi o legado que Darcy Ribeiro deixou para a gente. Um equipamento que provoca o povo brasileiro a pensar no nosso futuro, numa soberania, na valorização da história e o papel dos pretos, dos povos indígenas e do brasileiro como um todo”, disse Lacerda.
Uma casa especial
Para o curador que assina o projeto, o artista Gringo Cardia, essa é uma obra especial e que talvez seja a casa “mais mágica” que há no Rio de Janeiro.
“Ele abriu várias portas para a educação, para a igualdade social, para os povos indígenas e para tanta coisa bacana que as pessoas vão sentir aqui. E nessa casa a gente trouxe muitos depoimentos das pessoas, porque a gente acha que o povo de Maricá tem que estar aqui dentro, contando essa história junto, porque é uma história do povo brasileiro”, contou.