A Prefeitura de Maricá, através do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM) protocolou nesta terça-feira (01/6) junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um novo pedido de liberação para importação do imunizante Sputnik V, de fabricação russa, para trazer ao município um total de 500 mil doses. Caso aprovado, 25 mil doses chegam à cidade já em julho.
De acordo com instituto, a diferença em relação à primeira demanda (que foi negada há pouco mais de um mês) é a apresentação de planos de farmacovigilância e de contingência contra possíveis problemas na aplicação, obedecendo a critérios de verificação de segurança. “O cenário nacional mostra nitidamente que o Plano Nacional de Imunização não está sendo cumprido e, neste caso, a lei n° 14.124 de 2021 permite aos entes públicos, sejam estados ou municípios, que importem a quantidade que precisam de imunizantes”, justificou o presidente do ICTIM, Celso Pansera.
Para agosto, estão previstas outras 75 mil doses. O cronograma prevê ainda outros cinco lotes com 70 mil doses cada entre setembro e janeiro de 2022, finalizando com outras 50 mil em fevereiro. “Precisamos que nos liberem a trazer o primeiro lote de 25 mil doses, para que façamos o acompanhamento e, no caso de uma reação negativa, sigamos o plano de contingenciamento estabelecido. É melhor o risco de a vacina dar errado do que a realidade que temos hoje na cidade, que é de 378 mortes. Esse será o nosso argumento. Queremos vacinar a população de forma maciça”, frisou Pansera, lembrando que a Argentina, por exemplo, aplicou cerca de 6 milhões de doses da Sputnik sem qualquer informação de reações adversas.
A decisão da Anvisa desfavorável ao primeiro pedido de importação feito pela Prefeitura de Maricá foi proferida no dia 24 de abril, o que não esmoreceu o município no propósito de adquirir o imunizante. O principal argumento da agência para a negativa foi a acusação de que a vacina russa usa os chamados adenovírus (vírus inofensivos) sem garantia de que estes não possam se replicar dentro do organismo humano.
A possibilidade, capaz de alarmar a população, foi fortemente rechaçada pelo Centro Gamaleya, que produz a vacina. Segundo o fabricante, é feito um controle rigoroso dos locais de produção que confirmou que nenhum Adenovírus Competente para Replicação (RCA) foi encontrado em qualquer dos lotes da Sputnik V produzidos.
A elaboração do novo pedido contou com a participação do virologista Amilcar Tanure (da UniRio) e o infectologista Marcelo Velho (da UFRJ), ambos com experiência no monitoramento de vírus como o Ebola e o HIV. Ele afirma também que o município já dispõe de uma logística pronta para importar as doses e também de um local para o armazenamento adequado, dentro dos níveis de refrigeração exigidos para esta vacina.
Com uma eficácia de 91,7% foi atestada em estudo científico publicado na revista The Lancet, a Sputnik V apresentou resultados ainda melhores em pesquisa de campo realizada junto a 3,8 milhões de russos que receberam as duas doses do imunizante. De acordo com o instituto, a eficácia no campo real passou para 97,6% neste acompanhamento mais preciso.
Da mesma forma, a aplicação em mais de 60 países, o que eleva o grupo de imunizados a quase 1 bilhão de pessoas, não vem sendo acompanhada de relatos de efeitos colaterais que justifiquem a decisão do órgão sanitário brasileiro pelo viés sanitário. Além da Argentina, a Hungria também utilizou 200 mil doses do imunizante russo, com uma resposta superior à de outras plataformas.