O jornalismo brasileiro perdeu, nesta terça-feira (2), um de seus maiores nomes. Morreu, aos 91 anos, o jornalista Mino Carta, fundador da revista CartaCapital e criador de publicações que marcaram época, como Quatro Rodas, Veja e IstoÉ.
Internado há duas semanas na UTI do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, Mino enfrentava problemas de saúde recorrentes no último ano.
Uma trajetória que se confunde com a história do jornalismo
Nascido em Gênova, na Itália, em uma família perseguida pelo fascismo, Mino veio para o Brasil após a Segunda Guerra Mundial. Descobriu ainda jovem o ofício que mudaria sua vida: o jornalismo.
Com sua inseparável máquina de escrever Olivetti, ajudou a fundar algumas das principais revistas brasileiras, imprimindo nelas sua marca: coragem, espírito crítico e desconfiança diante do poder. Para ele, o jornalismo só fazia sentido quando comprometido com a verdade, a democracia e a liberdade.

Homenagem do presidente Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte do jornalista em nota oficial, destacando a amizade de quase 50 anos e a importância de Mino Carta na história recente do Brasil.
“Mino foi – e sempre será – uma referência para o jornalismo brasileiro por sua coragem, espírito crítico e compromisso com um País justo e igualitário. Se hoje vivemos em uma democracia sólida e nossas instituições superam ameaças autoritárias, muito disso se deve ao trabalho deste verdadeiro humanista”, disse Lula.
O presidente também lembrou que foi Mino quem deu espaço, em 1978, para sua primeira capa de revista, na IstoÉ, ainda no período da ditadura militar. Como homenagem, Lula decretou três dias de luto oficial em todo o país.
Legado
Até o fim, Mino Carta manteve-se fiel à máxima de que o jornalismo deve fiscalizar o poder, servir à sociedade e desafiar o pensamento único. Sua obra, suas publicações e as gerações de jornalistas que formou permanecem como testemunho de uma vida dedicada à defesa da democracia e da liberdade de imprensa.