Uma parceria entre a Universidade Federal Fluminense (UFF), o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Prefeitura Municipal de Niterói estuda a implantação de uma tecnologia avançada que permite a análise detalhada do sequenciamento genético do coronavírus.
Essa análise checa as informações genômicas contidas nas moléculas de RNA ou DNA de vários microrganismos como vírus e bactérias. O grupo de trabalho da UFF, coordenado pelo professor Fábio Aguiar Alves do Departamento de Biologia, está realizando os sequenciamentos genômicos no Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP/UFF).
“A UFF, em parceria com a Fiocruz, está implementando uma tecnologia única no Rio de Janeiro, muito rara no Brasil, que é a genotipagem de vírus e bactérias realizada à beira do leito (point of care). Esta técnica já está em operação no HUAP e auxilia a detectar o nível de resistência bacteriana e viral para que a decisão de tratamento seja mais adequada e portanto qualifica o atendimento das pessoas. É mais uma iniciativa que transforma ciência em soluções para o paciente, salva vidas”, declara o reitor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega.
Os métodos comuns de testagem do Sars-Cov-2 identificam se há ou não a presença do vírus no paciente. Já o sequenciamento genético mostra as variantes virais. Assim, é possível saber com qual variação do vírus a pessoa está infectada.
O professor pontua que o sequenciamento genético serve também para indicar cada uma das partículas dos ácidos nucleicos dos microrganismos. “A técnica ajuda a revelar uma série de características desses seres vivos, o que contribui tanto para o tratamento de doenças quanto para a prevenção de patologias futuras. O Centro de Genômica, da Unidade de Pesquisa Clínica do Hospital Universitário Antônio Pedro, foi criado com o objetivo de ser um setor de diagnóstico que esteja à beira dos leitos dentro do ambiente hospitalar. Isso tornará possível o acompanhamento de diferentes enfermidades causadas por microrganismos, como vírus e bactérias, o que é chamado de vigilância epidemiológica”.
Segundo Fábio Alves, a grande novidade dessa parceria está na utilização do equipamento MinION, que é um sistema nanocore de sequenciamento. “A utilização de uma tecnologia que pode ser feita na beira do leito é uma inovação importante. O sequenciamento é feito com esse equipamento que cabe na palma da mão, juntamente com um computador portátil levado no local de coleta da amostra. O MinION é um equipamento fácil de ser transportado para diferentes setores do hospital e o resultado pode ser processado em cerca de cinco horas, o que aumenta a velocidade da resposta tanto para o paciente quanto para os médicos, bem como o processamento dos dados estatísticos das variantes em circulação”.
O pesquisador relata que o projeto vem detectando os casos positivos diários do HUAP, e ressalta que é de grande importância aumentar o número de sequenciamentos genéticos durante a pandemia. “Com as amostras que conseguimos de pacientes de diferentes regiões de Niterói, estamos acompanhando quais são as variantes circulantes no momento. No combate à COVID-19, é animador ter ferramentas que permitam traçar inicialmente um mapa de um hospital público com a dinâmica e a infraestrutura do HUAP e, com essa iniciativa, contribuir também para a ação nacional. Identificar variantes do novo coronavírus ajuda a delinear novas estratégias de saúde pública e o sequenciamento genético é fundamental nesse cenário”, conclui Fábio.