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Peça A Era do Rádio é ovacionada no Festival de Teatro de Maricá

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Segunda-feira, 24 de julho, 21 horas, Cinema Henfil em Maricá. Uma noite de magia, recordações, saudosismo e aprendizado. Não era uma palestra. Era uma peça de teatro assistida por mais de 200 espectadores que ao final aplaudiram de pé a apresentação por quase cinco minutos.

Toda essa introdução é para falar do espetáculo apresentado pela Cia de Teatro da cidade do Carmo que levou aos maricaenses a peça a Era do Rádio, texto de Anamaria Nunes, natural de Niterói, mas que terminou seus dias no distrito de Inoã.

A peça se passa nas décadas de 1940 e 1950 e retrata o auge do rádio brasileiro nas transmissões das ondas da Rádio Nacional com seus programas de auditório que apresentaram ao país nomes ilustres do cenário artístico musical como Cauby Peixoto, Carmem Miranda, Ângela Maria, Emilinha Borba, Marlene, além de apresentadores como Jorge Curi e César Alencar.

O marco no jornalismo radiofônico brasileiro também é lembrado com as interpretações do Repórter Esso que foi o primeiro noticiário de radiojornalismo do Brasil que não se limitava a ler as notícias recortadas dos jornais. Os microfones do Repórter Esso narraram dois momentos que estão entre os mais importantes do rádio sobre a vida pública de Getúlio Vargas: sua renúncia, em 1945 e seu trágico suicídio no Palácio do Catete, em 1954.

Ao final da apresentação, artistas ovacionados, pessoas emocionadas, uma revelação importante e ao mesmo tempo triste passada pelo diretor do espetáculo Alessandro Curty. A companhia, composta por 26 artistas, inclusive Dona Vera Lúcia Madaffare, de 60 anos, teve que se virar para conseguir participar do 39º Festival de Teatro da Federação de Teatro do Estado do Rio de Janeiro (Fetaerj) em Maricá.

Já tradicional na cidade do Carmo, município que faz divisa com o Estado de Minas Gerais, os atores tiveram que ir às ruas buscar apoio da população para conseguir pagar o transporte até Maricá. O sacrifício, recompensado pelos aplausos, foi necessário pela falta de apoio da prefeitura local que ignorou a Cia de Teatro e os artistas da cidade.

A atitude do executivo retrata o pouco incentivo à cultura pelos agentes públicos brasileiros. Gastam milhões em festas fúteis com apresentações artísticas que custam alguns milhares de reais, mas se esquecem de valorizar o artista de sua cidade que resgata vidas, magia de forma lúdica proporcionada pelo teatro.

A Cia de Teatro do Carmo é um exemplo disso. A dona Vera Lúcia Madaffare, de 60 anos, fez sua primeira apresentação naquela noite. Realizou um sonho, 40 anos mais tarde após ter interrompida sua vontade de atuar no teatro por seus pais. “90% do nosso elenco nunca havia feito teatro na vida. A peça a Era do Rádio teve sua primeira versão apresentada em 1995 e começou com apenas 12 pessoas no elenco. Hoje, nos apresentamos com 26”, disse o diretor Alessandro Curty.

 

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