Em plena era digital, com aplicativos de celular resolvendo toda a vida dos cidadãos, o processo de distribuição de leitos no Sistema Único de Saúde (SUS), muitas vezes, é feito de forma manual pela Central de Regulação de Internações. Uma pesquisa realizada no Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense (UFF) pretende otimizar esse processo, através de um algorítmo desenvolvido para este fim.
Este algoritmo é capaz de alocar pacientes do SUS de maneira automática, rápida e eficiente. Ele observa o perfil das pessoas e as características dos leitos disponíveis para encontrar a acomodação mais adequada. O estudo foi intitulado “Heurísticas para a resolução de problema de alocaçaõ de pacientes em leitos hospitalares. Ele faz uma revisão da literatura científica, investiga a atribuição de leitos nos hospitais e procura otimizar a alocação dos enfermos por meio do algoritmo de um sistema inteligente.
O trabalho é orientado pelos professores Simone de Lima Martins e Fábio Protti, ambos do Instituto de Computação da UFF. “Em um hospital movimentado, a alocação manual resulta em atraso e espera dos pacientes. Por isso, trabalhamos com um modelo automático que dificulta esse tipo de acomodação manual. Nosso algoritmo busca otimizar certas variáveis. Quando uma alteração fere umas das restrições do sistema, o programa gera uma pontuação negativa. Portanto, o algoritmo minimiza essas pontuações negativas para conseguir a melhor alocação possível”, comenta Protti.
Segundo o professor, no momento não há previsão para a aplicação do algoritmo pela rede do SUS.
“Por um lado, nossa pesquisa ainda não foi concluida e acredito que terminaremos ao longo de 2024. Precisamos executar ainda muitas baterias de testes computacionais para validar e refinar o funcionamento do algoritmo. Por outro lado, ainda não existe um convênio formal do SUS com a UFF sobre esse tema, nem com o Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap) ou hospitais da rede privada”, conta Protti.
De acordo com o professor, a pesquisa começou dois anos atrás, quando ele e Simone Martins começaram a orientar um aluno de mestrado nesse tema.
“O algoritmo tem uma estrutura geral que precisa ser adaptada para cada hospital. Cada um tem um certo número de quartos e cada quarto tem suas características, número de leitos, facilidades do quarto, especialidade médica à qual está associado, política de gênero do quarto, entre outros. Essas informações precisam ser mapeadas para cada hospital. Por outro lado, há uma fila de chegada de pacientes, cada um com suas prioridades, características, demandas, urgência, etc…”, explica Protti.
De acordo com o professor, a cada chegada de um paciente, o algoritmo efetua a alocação a um leito buscando otimizar um cálculo baseado nas possibilidades disponíveis, tentando evitar situações que piorem o resultado do cálculo, tais como transferir pacientes de quarto, ferir a recomendação de gênero do quarto, alocar um paciente em um quarto que não é da especialidade médica desejada.
O projeto em andamento possui apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
Protti é graduado em Ciência da Computação pela Universidade de São Paulo, Mestrado em Engenharia de Sistemas e Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Doutorado em Engenharia de Sistemas e Computação pela UFRJ.