Nos primeiros cinco meses deste ano foram registrados 35 casos de roubos a residência em Maricá. Os números, se comparados com o mesmo período de 2018 quando foram 14 registros, mostram um crescimento de 150% nos registros deste indicador criminal. Cuidar da vida de seu vizinho deixou de ser apenas uma questão de fofoca e se tornou parte do combate à violência. Pelo menos é assim que pensam os moradores de Itaipuaçu. Essas constantes ações criminosas, roubos, arrombamentos e invasões de residência, fizeram com que um grupo se unisse para tentar minimizar esses casos de violência no bairro, criando o programa ‘Vizinhança Solidária’.
A ideia surgiu após alguns moradores terem sido vítimas deste tipo de crime. A autora, que nesta reportagem, por questões de segurança, vamos identificar como “A”, começou a ouvir relatos dos casos, maneira como foram praticados e percebeu que estavam muito próximos dela, eram seus vizinhos.
“Alguém muito próximo de mim tinha sido vítima e eu não sabia que tinha acontecido, não conhecia o meu vizinho que provavelmente precisou de algum tipo de ajuda que eu poderia ter oferecido, isso me assustou muito e então me vieram os questionamentos: E se fosse eu? E se fosse com meus filhos? E se fosse os meus bens? Então, mais do que motivada, eu reuni os vizinhos e comecei a propor diálogos onde pudéssemos pensar em formas de promover sensação de segurança por meio de ações e iniciativas administradas por nós mesmos”, disse “A”.
Atualmente são 32 moradores de residências diferentes que fazem parte desta ação. Os métodos utilizados pelo grupo, para alertar casos suspeitos foram a instalação de sirenes controladas por acionamento remoto por cada um dos moradores participantes e câmeras de monitoramento controladas por aplicativo nos celulares de todos os moradores envolvidos. Diferente do programa Vizinhos Integrados a Polícia (VIP), implantado no início da década na Região Oceânica de Niterói, o projeto ‘Vizinhança Solidária’ não é integrado as forças de segurança, mas conta com o apoio da delegacia de Maricá para divulgação e implementação em outras ruas e localidades do bairro.
“Quando recebi o projeto observei a importância no sentido da organização da sociedade civil e de como uma atitude aparentemente simples pode fazer toda a diferença. O que percebi ali foi que os vizinhos começaram a se importar com a segurança do grupo, deixando o individualismo de lado, porque quando uma casa é afetada todos sentirão a sensação de insegurança e com o projeto todos estão protegidos, se ajudando mutuamente”, falou a delegada titular da 82ªDP (Maricá), Carla Tavares.
O que mudou?
Após a implantação do projeto, os casos de roubos, arrombamentos e invasões de residência apresentaram redução. Casos de pessoas ou ações suspeitas também reduziram.
Para a delegada, o projeto funcionou como uma ação preventiva e isso contribuiu diretamente com a polícia.
Ampliação
A ideia é de que este projeto, que é apenas uma célula, seja reproduzido por vários grupos de moradores onde cada rua teria sua própria gestão, implantação e monitoramento.
Não há custo determinado para implantação. Os valores são estimados e divididos entre os envolvidos, por isso a ideia de célula. A medida que o programa cresce aparece a ideia de corpo, ou seja, o bairro todo tomado de células com seus respectivos responsáveis pelo monitoramento e ação preventiva.
“Atualmente sabemos que o poder público é deficitário na promoção da segurança como uma realidade efetiva, e por isso estamos propondo ir na tendência nacional que é a inteiração entre poder público e sociedade para aumentar a sensação de segurança pública”, finalizou ‘A’.