A União de Maricá apresentou o novo formato da disputa de samba-enredo para o Carnaval 2026. A escola aposta em uma reformulação no modelo, com foco na redução dos custos para os compositores. O processo também passa a contar com uma premiação ampliada: o valor total destinado aos autores do samba vencedor passa de R$ 75 mil para R$ 100 mil, uma das maiores premiações entre as escolas que desfilam na Marquês de Sapucaí, na Série Ouro e no Grupo Especial.
A mudança na premiação faz parte do compromisso da agremiação com a valorização do processo criativo por trás do samba-enredo. A ideia é que os autores das obras tenham condições reais de concorrer, sem a pressão de montar superproduções. Para o presidente Matheus Santos, o compositor deve ser o protagonista.
– É muito claro para a gente que o samba-enredo é o pilar do nosso desfile. O compositor, nesse contexto, deve ter a sua arte reconhecida, respeitada e valorizada. Essa disputa é sobre abrir espaço real para que todos possam mostrar sua obra sem precisar esgotar recursos financeiros ou montar um espetáculo paralelo ao que realmente importa, que é o samba – disse Matheus.
O cronograma da disputa também foi reestruturado para ser mais funcional e econômico. As composições serão inscritas no dia 29 de julho, das 19h às 22h. A disputa começa no dia 1º de agosto, com todos os sambas sendo apresentados na quadra, sem cortes e sem obrigatoriedade de torcida. Nas duas semanas seguintes, nos dias 8 e 15, os sambas serão avaliados em audições internas no barracão, em fase eliminatória, com acesso restrito a compositores e intérpretes.
Essa nova configuração visa corrigir distorções que se acentuaram nos últimos anos em disputas de samba, onde a estrutura de torcida e o investimento acabavam se sobrepondo à qualidade da obra. Desta forma, a escola propõe uma inversão dessa lógica, fortalecendo a escuta e reduzindo a necessidade de gastos paralelos. Matheus defende que o foco deve voltar a ser a qualidade do samba, não o espetáculo fora dele.
– Criamos um formato que tira o peso da torcida como pré-requisito de sucesso. Em vez de quem tem mais estrutura para montar show, queremos escutar quem tem mais samba. A disputa no barracão, com escuta técnica e sem plateia, é importante. O compositor não vai mais precisar fazer produção de palco antes da hora. O dinheiro que antes era gasto com torcida, camisa, ônibus para levar em Maricá diversas semanas, dentre outros, agora pode ser investido exclusivamente na composição, sem a preocupação de tanto gasto extra – destacou o presidente.
Além da reestruturação do calendário, o regulamento da disputa também foi atualizado para garantir maior igualdade de condições. Cada samba poderá ter até seis compositores, sem participações especiais, e o número de cantores por apresentação está limitado a quatro. A União de Maricá também promoverá quatro encontros tira-dúvidas, sendo obrigatória a participação em pelo menos dois deles, com a apresentação da obra. O primeiro encontro ocorreu ontem (23) e os próximos estão marcados para os dias 30 de junho (barracão), 7 de julho (quadra) e 14 de julho (barracão).
Em 2026, a União de Maricá levará para a Sapucaí o enredo “Berenguendéns e Balangandãs”, do carnavalesco Leandro Vieira. A escola será a sexta a se apresentar no sábado, 14 de fevereiro, pela Série Ouro.
