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Rio tem pior trânsito da América Latina

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Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia

Todas as tardes, ambulantes com seus isopores carregados de garrafas de água começam a se posicionar às margens das vias de grande movimento de Norte a Sul da cidade. Assim, como todos os que moram no Rio, os camelôs sabem que, dentro de poucos minutos, aquelas artérias pulsantes, com carros em constante movimento, vão entupir, transformando pistas de rolamento em uma barafunda de buzinas, cheiro de gasolina e gritos de “Olha a água!”. E a única coisa que segue é a rotina do trânsito caótico, comprometendo o caminho e a vida das pessoas.

“Congestionamento não depende só do números de carros”, explica o professor de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, Ronaldo Balassiano. A desorganização, a falta de disciplina e o mau comportamento dos motoristas estão entre as principais causas do caos. “Em São Paulo, não se vê o camarada mudando de faixa toda hora para ultrapassar. Lá, ele não tranca o cruzamento. São Paulo tem taxa de motorização maior do que a nossa, mas acaba fluindo melhor”, afirma Balassiano.

O professor elenca algumas das causas que contribuem para o trânsito carioca ser tão ruim. “Temos o mau comportamento do motorista, que quer passar a frente do outro, o que não resolve nada, porque a via é a mesma e isso é ruim para a fluidez do tráfego. Temos o carro que não estaciona no lugar certo, o ônibus que não pára no ponto, mesmo tendo um recuo exclusivo para isso e nas horas de grande congestionamento, você não vê nenhum controlador de tráfego. Todo mundo sabe onde estão os problemas, falta estratégia”, afirma.

Fora do Código

O presidente da Comissão de Trânsito da OAB-RJ, Armando de Souza, diz que o caos se instalou nas ruas do Rio porque as autoridades perderam de vista o objetivo do Código de Trânsito, que prevê um tráfego seguro e confortável. “A engenharia de trânsito não está em consonância com a legislação”, reclama Souza, para quem, no caso do Rio, há mais interesse na arrecadação do que na educação.

“Quando se educa, a coisa funciona. Veja como as campanhas para uso do cinto surtiram efeito”, afirma Souza. Segundo dados do Detran, entre janeiro e julho deste ano 1.8 milhão de infrações de trânsito foram registradas nas ruas do município do Rio de Janeiro, que tem uma frota de 2,6 milhões de veículos. Ou seja, a aplicação de multas não é suficiente para inibir a bagunça no trânsito carioca.

Sinais sem sincronização

Para o engenheiro de transportes da FGV, Marcus Quintella, o caos no trânsito do Rio, muitas vezes, é causado pelo sistema semafórico da cidade. Segundo ele, os 2.300 conjuntos de sinais da capital funcionam com padrão de duas décadas atrás.

“Basta percorrer de carro as ruas do Rio e perceber que a sincronização semafórica, de forma informatizada e inteligente, renderia muitos frutos para a qualidade de vida dos cidadãos, com expressivos ganhos de tempo, diminuição do nível de stress e aumento da segurança”, diz Quintella. O especialista ressalta que as grandes avenidas apresentam semáforos sem sincronização e com tempos de ciclo excessivamente demorados, em muitos casos, e rápidos demais, em outros. “Isso facilita a mendicância nos sinais e também as ações de bandidos”, diz.

8ª mais congestionada do mundo

Um estudo de mobilidade urbana mundial realizado anualmente pela empresa de GPS e telemetria TomTom, deu ao Rio o título de cidade mais congestionada da América Latina e a oitava no mundo. Os moradores demoram, em média, 47% mais tempo para chegar aos destinos, segundo o levantamento. Quem circula perde, em média, 43 minutos por dia no trânsito, 164 horas ao ano. Salvador (BA) está em segundo lugar no Brasil, quarto na América Latina e 28º no mundo, segundo o ranking, que avalia o trânsito de 390 cidades de 48 países. São Paulo, maior do Brasil, surge em 7º na América Latina, e 71º no mundo.

O professor de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ Ronaldo Balassiano reconhece que o trânsito na cidade é mais desorganizado, mas questiona o método da pesquisa.”Além da questão geográfica, que diferencia o Rio das outras cidades, aqui tem concentração de atividades no Centro, Zona Sul e Barra. É para ali que corre todo mundo. Em São Paulo, as atividades são mais pulverizadas pela cidade. E a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo surgiu 20 anos antes da do Rio”.

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