Maricá vai se tornar o primeiro município do Estado do Rio a ter um programa de políticas de saúde voltado para a população negra. A informação foi dada pela secretária de Saúde Simone da Costa, atendendo um pedido do presidente da Câmara de Maricá, Aldair de Linda (PT), e tem como objetivo dar atenção diferenciada a tipos de patologias que apresentam quadros mais graves, como hipertensão arterial, diabetes e tipos de miomas, além da anemia falciforme, doença predominante nos negros. O programa, que tem base na portaria do Ministério da Saúde nº 992 de 13 de maio de 2009, é anunciado no mês que se comemora o Dia da Consciência Negra, no último dia 20, e deve já entrar em funcionamento a partir de dezembro.
De acordo com a secretária, haverá uma interação entre os diferentes programas em atividade no município e também com os movimentos sociais voltados para a comunidade negra, além de um treinamento para os profissionais. “Estávamos elaborando este programa há alguns meses e agora finalmente vamos iniciá-lo. Fico feliz por dar essa notícia próximo a uma data tão significativa para a comunidade e também por sermos a primeira cidade em nosso estado a implantar. Não vamos tratar apenas de doenças que são mais graves para os negros, mas também de acabar com mentalidades ultrapassadas e que levam a casos como de violência obstétrica”, afirmou Simone da Costa.
Um exemplo de casos como este é a própria responsável pela coordenação do programa em Maricá. A enfermeira Fernanda Bastos revelou que foi vítima deste tipo de violência na hora de dar à luz seu primeiro filho, atualmente com 14 anos. “Na época, os médicos me fizeram esperar cerca de dez dias além do normal para o parto, e argumentaram que não haveria problema por eu ser uma ‘parideira’ natural, isso pelo fato de eu ser negra. Hoje meu filho sofre de déficit de atenção em razão daquela demora. O que queremos é que pacientes negros tenham o tratamento necessário de acordo com o quadro que apresentam dentro de cada especificidade”, ressaltou Fernanda, que ainda é mãe de outro menino, de 13 anos.
Aldair acredita que o programa levará mais esclarecimentos à população. “Acho de suma importância o município investir na saúde e cuidar da saúde do negro. Há certas patologias que acometem especificamente quem tem a pele negra e é importante criar mecanismos para oferecer tratamentos e esclarecimentos. Fiquei feliz com mais uma sugestão atendida”, afirmou o presidente da Câmara.