O sistema de transporte do Rio de Janeiro pode passar por uma grande transformação. A Câmara Municipal aprovou, na quinta-feira (16), em primeira votação, o projeto de lei complementar do prefeito Eduardo Paes que autoriza a substituição gradual dos ônibus articulados do BRT por Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) ou Veículos Leves sobre Pneus (VLP). A proposta abrange inicialmente os corredores Transcarioca e Transoeste, com possibilidade de expansão para outras regiões da cidade.
A medida, segundo a Prefeitura, visa modernizar o transporte público, reduzir a emissão de poluentes e oferecer mais conforto e previsibilidade aos passageiros. Durante o dia, a Comissão de Transportes da Câmara realizou uma audiência pública para debater o tema com representantes da Secretaria Municipal de Transportes e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
A secretária de Transportes, Maína Celidonio, explicou que os corredores escolhidos são os mais consolidados do sistema e que os estudos feitos em parceria com o BNDES apontam a conversão em VLT como tecnicamente viável. “Os investimentos são mais altos, mas garantem maior qualidade e durabilidade. A vida útil de um trem é muito superior à de um ônibus”, afirmou.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Osmar Carneiro, destacou os ganhos esperados em mobilidade e sustentabilidade. “Teremos menos acidentes, menor custo operacional e mais controle do sistema. Um transporte eficiente atrai o usuário e reduz o número de carros nas ruas”, disse. Ele também mencionou que o projeto avalia a adoção da tecnologia de VLPs, alternativa mais moderna e de menor custo.
Durante a votação, o projeto recebeu apoio da base governista, mas também críticas da oposição. O vereador Pedro Duarte (Novo) questionou os investimentos recentes feitos no BRT, estimados em cerca de R$ 3 bilhões. “Foram milhões aplicados na troca do asfalto por concreto. Agora, o governo quer tirar o concreto e colocar trilho. Falta planejamento”, afirmou.
Defensor da proposta, o vereador Wagner Tavares (PSB) rebateu as críticas. “Estamos falando de um transporte de massa moderno e eficiente, capaz de melhorar a qualidade de vida dos cariocas. O VLT proposto não é o mesmo do Centro — é mais avançado e tem maior capacidade”, destacou.
O projeto ainda precisa passar por segunda votação antes de seguir para sanção do prefeito. Se aprovado, o novo sistema poderá transformar dois dos principais eixos de transporte do Rio em corredores de mobilidade mais sustentáveis e integrados.
