Perigo na via: apenas 15 ruas concentram quase um terço de todos os roubos a motoristas do Rio. O EXTRA analisou mais de 1,8 mil ocorrências do crime “roubo no interior de veículo”, registradas em todas as 42 delegacias distritais da cidade, para descobrir quais os locais e horários o motorista deve evitar ao se deslocar pelo Rio (veja o ranking com as 15 ruas mais perigosas ao lado).
A via recordista em ocorrências do tipo é a Avenida Pastor Martin Luther King Junior — batizada em homenagem a um pacifista —, que registrou 157 roubos a motoristas nos seis primeiros meses do ano, média de quase um caso por dia. Um trecho de apenas 3km, dos 25km da via, entretanto, concentra quase 30% das ocorrências: o que liga a Linha Amarela, na altura de Del Castilho, ao Engenho da Rainha. O horário com mais casos de roubos é o fim da madrugada. Ao todo, 42 das 157 ocorrências aconteceram das 4h às 6h.
Para a moradora de Inhaúma Renata Aguiar, os dados refletem uma realidade que ela enfrenta e é vítima. Há 15 dias, foi assaltada, segundo conta, quando voltava para casa por usuários de crack. Os carros passam por ali em alta velocidade para fugir do perigo eminente.
— Todo fim de semana, por volta das 9h, os carros têm que voltar na contramão na altura da entrada da favela da Galinha (próximo à garagem da empresa de ônibus Braso Lisboa e a cerca de 1, 5km da 44ª DP por causa de arrastão. Uber, à noite, diz que não traz até aqui, pois é perigoso — diz a técnica em enfermagem.
A região, próxima ao shopping Nova América e à 44ª DP (Inhaúma), é umas das preferidas de criminosos para arrastões no trânsito. Os crimes também acontecem na Linha Amarela, quarta colocada no ranking das ruas com mais roubos a motoristas, com 34 ocorrências. O trecho da via expressa com maior casos de crimes do tipo — cerca de um terço do total de registros — foi justamente a saída 5, na altura de Del Castilho, que liga a Linha Amarela à Pastor Martin Luther King Jr.
A Avenida Brasil, com quase 60km de extensão, ficou no segundo lugar do ranking, com 103 ocorrências. As outras duas vias que completam a lista das cinco mais perigosas, entretanto, são bem menos longas. A Av. Ministro Edgard Romero, com 2km, em Madureira, registrou 41 casos. Já a Avenida Francisco Bicalho concentrou 31 casos em pouco mais de 1km de extensão.
Das 15 ruas mais perigosas para motoristas na cidade, 13 se localizam na Zona Norte ou têm parte de sua extensão na região. Somente duas ficam no Centro.
Ruas do medo
Roubos a pedestres – Ontem, o EXTRA revelou que 50 ruas concentram um quarto de todos os roubos contra pedestres na cidade. No topo do ranking das vias mais perigosas do Rio está a Avenida Brasil, com 683 registros — uma média de quase quatro roubos por dia. Empatadas, na segunda colocação, as avenidas Presidente Vargas, no Centro; e Pastor Martin Luther King Júnior, que corta a Zona Norte, tiveram 307, cada.
Presos – A Operação Centro Presente prendeu, em um ano, 130 pessoas acusadas de roubo e furto só na região da Central do Brasil. Os dados são do capitão Hugo Coque, que comanda a operação. No total, foram 2.500 pessoas detidas pela ação, sendo que 528 na Avenida Presidente Vargas — uma média de quase dois casos por dia. E, dos 412 mandados de prisão, a maior parte também foi realizada na via: 260.
Horários – Tanto nos casos de roubos a pedestres, quanto a motoristas, cerca de 40% das vítimas afirmaram, na delegacia, terem sido assaltadas à noite. O segundo período com mais casos, nas duas modalidades de crimes, é a madrugada. No caso dos pedestres, 22% dos casos aconteceram neste horário. Já nos casos com motoristas, foram 27%. O período da tarde é aquele com menos ocorrências nos dois casos.
Novo blog de dados estreia
Quais são os bairros mais perigosos para se andar de van no Rio? Quando chove, há menos ocorrências de crimes? A maior parte das vítimas de crimes no Rio é do sexo masculino ou feminino? Procurando responder a esta e a outras perguntas sobre segurança pública, o EXTRA estreia, a partir de hoje, o blog “Por nossa conta” (https://extra.globo.com/casos-de-policia/por-nossa-conta).
Na página, que vai integrar a seção Casos de Polícia no site do jornal, dados obtidos via Lei de Acesso à Informação ou junto a órgão públicos serão usados para, de uma forma leve e clara, revelar curiosidades sobre a segurança pública no Rio.
A primeira postagem vai analisar informações sobre vítimas de roubos a pedestres e motoristas no Rio. O perfil da vítima muda bastante, dependendo do fato de ela estar ou não dentro de um carro. Enquanto, no caso de roubos a motoristas, 68% das vítimas são homens, em ocorrências de roubos a pedestres a porcentagem de vítimas do sexo masculino despenca para 53%. A faixa etária também varia. No caso dos pedestres, um terço do total das vítimas tem entre 21 e 29 anos. Já entre os motoristas atacados, a fatia predominante tem entre 30 e 39 anos — 755 das 2.266 vítimas, ou 33% do total.
Fonte: Jornal Extra