O velório do ex-treinador de futebol Mário Jorge Lobo Zagallo será neste domingo, 07, a partir das 9h30, na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), na Avenida Luiz Carlos Prestes, 130, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. A informação foi dada na manhã deste sábado, nas redes sociais do técnico. O enterro será às 16h, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo, bairro da zona sul carioca.
Segundo a família, Zagallo, morreu aos 92 anos em decorrência de falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado desde o último dia 26 no Hospital Barra D’Or, no Rio, e acabou não resistindo à progressão de múltiplas comorbidades previamente existentes. Ele faleceu às 23h41 desta sexta-feira, 05. Viúvo desde 2012, ele deixou quatro filhos: Maria Emilia de Castro Zagallo, Paulo Jorge de Castro Zagallo, Mário César Zagallo, Maria Cristina de Castro Zagallo.
Em 2022, ele fora internado por quase duas semanas, mas, recebeu alta às vésperas do seu aniversário de 90 anos. Ele era último ex-jogador vivo titular da Copa do Mundo de 1958, quando a Seleção Brasileira foi campeã pela primeira vez ao vencer a Suécia por 5 a 2. Pelé morreu em dezembro de 2022.
Titular nas Copas de 1958 e 1962, técnico da Seleção de 1970 e coordenador da Seleção no Mundial de 1994, Zagallo conquistou quatro Copas do Mundo. A CBF decretou luto oficial de sete dias. O presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, lamentou a morte do ídolo no site da instituição.
“A CBF e o futebol brasileiro lamentam a morte de uma das suas lendas, Mário Jorge Lobo Zagallo. A CBF presta solidariedade aos seus familiares e fãs neste momento de pesar pela partida deste ídolo do nosso futebol”, afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
“A CBF decreta luto de sete dias em homenagem ã memória do seu eterno campeão e se compromete em reverenciar o seu legado. Em 2022, inauguramos uma estátua em homenagem ao eterno campeão no Museu da CBF e não esqueceremos da emoção que compartilhamos”, completou o presidente da CBF.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, manifestou-se em suas redes lamentando a perda do ex-treinador:
“Mário Jorge Lobo Zagallo foi um dos maiores jogadotes e técnicos de futebol de todos os tempos, um grande vencedor e símbolo de amor pela seleção brasileira e pelo Brasil. Maior vencedor individual da história da Copa do Mundo, sendo campeão duas vezes como jogador, campeão e vice campeão como treinador e campeão como como coordenador da seleção em 1994. O único a participar de quatro conquistas mundiais, dirigiu o maior time de futebol da história, a seleção brasileira de 1970.
Corajoso, dedicado, apaixonado e supersticioso, Zagallo era exemplo de brasileiro que não desistia nunca. É essa lição e espírito de carinho, amor, dedicação e superação que ele deixa para todo o nosso país e para o futebol mundial. Nesse momento de despedida, minha solidariedade aos familiares de Zagallo, seus filhos e netos, aos amigos e aos milhões de admiradores”, completou Lula.
Ex-jogadores e clubes também divulgaram nota de pesar pelo Velho Lobo. “Obrigado sempre, mestre Zagallo”, Roberto Carlos, ex-jogador da seleção em 1998. “Uma lenda do nosso futebol partiu hoje. Obrigado por tudo! Descanse em paz, Zagallo”, Casemiro, atual jogador da seleção.
O clube Vasco da Gama, que chegou a ser treinado por Zagallo também divulgou nota:
“Foi com profundo pesar que recebemos a notícia do falecimento do tetracampeão mundial Zagallo. Ao longo de sua longa e vitoriosa trajetória no futebol, Mário Jorge Lobo Zagallo defendeu as cores do Vasco da Gama em duas oportunidades, ambas na função de treinador, com 49 vitórias, 34 empates e 16 derrotas. O Velho Lobo conquistou três títulos pelo Gigante da Colina: o Troféu Colombino de 1980, a Taça Gustavo de Carvalho de 1980 (equivalente ao segundo turno Estadual) e a Taça Adolpho Bloch de 1990. O Vasco da Gama se solidariza aos familiares e amigos neste momento de dor e consternação”.
Biografia
Zagallo nasceu em Atalaia, município de Alagoas, a 48 quilômetros de Maceió. Mas, com apenas oito meses de vida, já se mudara para o Rio com a família. O pai, Aroldo Cardoso, que chegou a jogar pelo CRB, de Alagoas, mesmo diante da habilidade do caçula com a bola, preferia vê-lo estudando e só se convenceu de que Zagallo poderia seguir no futebol após a intervenção do primogênito, Fernando.
Com a bola nos pés, franzino, Zagallo não ganhava praticamente nenhuma dividida. Compensava a falta de massa muscular com velocidade, visão de jogo e inteligência, o que enervava os zagueiros brucutus.. Depois de sua passagem pelo America, notabilizou-se no Flamengo, no qual conquistou o tricampeonato carioca em 1953/54/55.
Com suas atuações no Rubro-Negro, passou a ocupar um lugar na Seleção brasileira e fez parte do time que ganhou a Copa de 1958, no Chile. Naquela competição, marcou um dos gols da goleada do Brasil sobre a Suécia por 5 a 2, na decisão do título.
No Botafogo, onde atuou do segundo semestre de 1958 a 1965, conquistou o bicampeonato mundial, ao lado de seus colegas de clube Didi, Nilton Santos, Amarildo e Garrincha.
Em 1970, obteve o terceiro título de Copa do Mundo, como treinador da seleção que reunia Pelé, Clodoaldo, Tostão, Gerson, Jairzinho, Rivellino, Carlos Alberto Torres e outros craques. Abraçou o novo ofício também com empenho e alegria. Permaneceu na equipe na Copa de 1974, na Alemanha, vencida pelos anfitriões em histórica decisão com a Holanda. Esteve novamente no comando da Seleção brasileira no Mundial de 1998 e na Copa de 2006 trabalhou como auxiliar de Carlos Alberto Parreira.
Ao longo dos anos, Zagallo foi colhendo a admiração por frases de efeito que soavam engraçadas e criavam empatia com o público. A mais conhecida, “vocês vão ter que me engolir”, marcou parte importante de sua carreira. Mencionada pela primeira vez em 1997, quando o Brasil, dirigido por ele, conquistou a Copa América vencendo os seis jogos que disputou, soou inicialmente como desabafo contra jornalistas que estariam fazendo pressão para Vanderlei Luxemburgo assumir o cargo.
Supersticioso, dizia que Alcina era a mulher ideal, pois a soma das letras do nome dela com o seu era igual a 13, número ao qual rendia graças por considerá-lo atrelado à sorte e à fortuna e ao amor.
Em 2021, ao completar 90 anos, recebeu mensagem especial de Pelé. “Nós já fomos companheiros de time. Já fomos adversários. Já fui seu jogador e você meu treinador. Mas acima de tudo sempre fomos grandes irmãos. Você é um líder, um mentor, um ídolo e um amigo de coração imenso, que o futebol brasileiro jamais irá esquecer.”